O que acontece agora, em mais um avanço da “Primavera Brasileira” (deflagrada em 2013, com o povo nas ruas e nas redes sociais da internet) tem uma característica bem singular. Parcela expressiva da classe média resolveu se manifestar nos arredores dos quartéis de todo o País. O motivo evidente foi a eleição de Lula. Mas essa é a consequência. A causa real é uma indignação consistente, que beira a revolta, com a interferência excessiva de membros da cúpula do Judiciário no processo político, na governança executiva e legislativa. A bronca generalizada (de parcela expressiva da população) é sobre a expansão indevida da Juristocracia. O ativismo judicial (ou judiciário) foi intenso e abusivo no recente processo eleitoral. Até a inconstitucional censura foi praticada em nome da necessidade provisória da Justiça Eleitoral. Os alvos foram veículos de comunicação, profissionais de imprensa e ativistas da internet.
Objetivamente, o que entrou na berlinda foi o processo eleitoral. A juristocracia interditou o debate antes da eleição. A classe política foi conivente, omissa ou ignorante. O Congresso Nacional errou ao não aprovar o aprimoramento do sistema eletrônico de votação. Evitaria todas as polêmicas de agora a adoção do voto impresso pela urna eletrônica, conferido pelo eleitor na hora da dedada eletrônica, para contagem 100% na própria seção eleitoral. Tudo estaria justo, perfeito e inquestionável, se o que estivesse registrado no Boletim de Urna coincidisse com a contagem pública do voto (impresso). Além disso, a Constituição seria cumprida em seu artigo 37 – que determina a publicidade para todos os atos da administração pública (incluindo o voto). Tudo isso dispensaria as supostas “auditorias” em um processo eletrônico que, na realidade, não permite auditoria alguma, pois o sistema informatizado é (em tese) hermético, fechado (do contrário, seria sujeito à invasão).
Resumindo o momento de tensão e dúvida da “Primavera Brasileira”: As manifestações ordeiras e pacíficas, que começaram em tom de alegria, agora começam a assumir ares de mais seriedade e severidade. A tendência é de semblantes bem menos sorridentes. Generais não querem falar do assunto em público. Oficiais na “reserva ativa” ousam jogar o debate em reuniões fechadas. Alguns arriscam opiniões nas redes sociais da internet. Dentro dos quartéis, muitos “capitães do povo” estão inteiramente sem graça com a bagunça institucional que pode regredir ao caos. A velha mídia perdida prefere censurar o assunto ou apenas rotular os manifestantes de “radicais golpistas” que “fazem discurso de ódio contra os resultados democráticos da eleição”. Repete, apenas, a narrativa da esquerda que se prepara para sair da oposição destrutiva para a nada confortável posição de “situação” de ocupação do poder.
Poucos generais iniciam, confortavelmente, o “aquecimento” para compor com os novos ocupantes do Palácio do Planalto. A maioria, que preferia Bolsonaro reeleito, tem tudo para sofrer um amplo e acelerado processo de aposentadoria. Ainda mais se forem confirmadas as promessas dos Josés (Genoíno e Dirceu) de promover uma ampla “limpeza” e renovação nas forças armadas, desde um novo papel até uma “redefinição democrática” dos currículos de formação. Generais (na ativa e na reserva) não aceitam tal proposta. Muitos sequer acreditam que o Alto Comando Petista possa cumprir tal desejo. No entanto, se cumprir, ninguém se surpreenda se forem os fardados quem sairão às ruas para pedir a ajuda do povo. Já pensou? Enquanto o novo Comandante-em-chefe Lula da Silva e Geraldo Alckmin não chegam, a classe média promete continuar nos arredores dos quartéis, por tempo indeterminado.
Fato histórico fundamental: O mundo começa a olhar, com uma lupa, para a #BrazilianSpring – a Primavera Brasileira que prega Liberdade e Legalidade com Legitimidade, para combater o autoritarismo e a corrupção. A Cleptocracia e seu Mecanismo são colocados em xeque-mate pelo povo que exerce sua soberania de maneira civilizada, legal e pacífica. No entanto, ainda permanecem algumas dúvidas generalizadas (sem trocadilho fardado): “The Book (nossa Constituição) is on the table”? Entramos em pré-condições de conflito civil, com risco real de degenerar em guerra civil? Os militares podem realmente intervir, se o caos se agravar? Ou vamos encontrar uma solução política (a velha conciliação de sempre), sem maiores traumas sociais e institucionais?
Jorge Serrão – Jovem Pan