Quando Luís Roberto Barroso reagiu às proibições impostas pela Lei Magnitsky — que dentre outras impede de pisar nos Estados Unidos — com a frase debochada “Sempre haverá Paris…”, o ministro revelou mais do que sarcasmo. Expôs o desprezo da elite togada por qualquer senso de responsabilidade, justiça ou moralidade pública. O riso de Barroso é o retrato fiel de uma Corte que perdeu a vergonha e se acredita acima da lei.
Durante sua presidência no Supremo Tribunal Federal, Barroso repetiu inúmeras vezes o discurso de que a Corte “restaurou a democracia”, “recivilizou o Brasil” e “garantiu eleições limpas”. Mas essa retórica, inflada por vaidade e hipocrisia, cai por terra diante das revelações recentes que expõem os bastidores de um dos períodos mais sombrios da história republicana: a perseguição institucional contra a direita brasileira.
Enquanto Barroso posa de filósofo iluminista e Alexandre de Moraes age como xerife supremo, o país assiste ao colapso da Constituição.
O Supremo transformou a Justiça em instrumento de vingança, criminalizando opiniões, censurando cidadãos e aprisionando opositores sem o devido processo legal.
O ex-assessor de Moraes no TSE, Eduardo Tagliaferro, escancarou o que muitos já suspeitavam — e que agora o mundo começa a enxergar: os bastidores da chamada “defesa da democracia” eram, na verdade, um esquema coordenado de manipulação, espionagem e perseguição política.
Segundo Tagliaferro, ordens partiam diretamente de dentro dos gabinetes para direcionar investigações, eliminar adversários e controlar narrativas em redes sociais. Dados sigilosos foram acessados sem autorização judicial, mensagens privadas foram interceptadas e relatórios fabricados para incriminar inocentes.
Em qualquer país minimamente sério, tais denúncias provocariam uma crise institucional sem precedentes. No Brasil, o Supremo reagiu com silêncio. Nenhum ministro pediu investigação. Nenhum jornalista “progressista” da imprensa estatizada com dinheiro público, dedicou sequer uma manchete às acusações.
O pacto de silêncio é a confissão do medo — medo de que a verdade venha à tona e destrua o castelo de mármore erguido sobre mentiras.
Alexandre de Moraes, o mais midiático dos ministros, consolidou-se como símbolo de um autoritarismo moderno: disfarçado de “proteção institucional”, mas sustentado pela censura, pelas prisões ilegais e pela destruição reputacional de quem ousa pensar diferente.
Sob seu comando, o inquérito das “fake news” se tornou o maior laboratório de perseguição política da história recente.
Sem acusação formal, sem contraditório e sem julgamento, cidadãos foram calados, jornalistas banidos e parlamentares cassados. O Brasil tem centenas de exilados políticos, como nunca visto. Tudo sob aplauso de uma imprensa cúmplice e um Congresso covarde.
Barroso, por exemplo, promete “recivilizar o Brasil” e “reocupar o espaço perdido pela imprensa tradicional”. Traduzindo: censurar a internet, controlar o discurso público e restaurar o monopólio da informação. A tentativa de silenciar as redes é a confissão de quem teme o povo.
O Supremo, que deveria proteger a liberdade, tornou-se seu inimigo. O poder que deveria julgar tornou-se acusador, e o juiz virou parte interessada. O Estado de Direito, que nasceu para proteger o cidadão, foi sequestrado por onze homens que se julgam deuses.
As revelações de Tagliaferro, as sanções da Lei Magnitsky, o deboche de Barroso e o autoritarismo de Moraes formam um mesmo retrato: o de um poder apodrecido, guiado pela vaidade e sustentado pela impunidade. O STF, que deveria ser o pilar da Justiça, virou o instrumento de opressão mais temido do país.
E enquanto Barroso sonha com Paris, o Brasil real sofre com censura, prisões políticas e a destruição da confiança no próprio Judiciário.
Não há mais juízes — há senhores feudais da toga. E não há mais República — há um império de sombras, onde a verdade é crime e o poder é religião.
Mas toda tirania carrega em si a semente de sua queda. E quando a história finalmente for escrita, ficará claro: o maior atentado à democracia brasileira não veio das ruas, mas do topo do Supremo.