O episódio envolvendo o jornalista Paulo Figueiredo e o advogado Jeffrey Chiquini é mais do que uma briga pessoal — é um retrato nítido da imaturidade política e da falta de unidade que têm corroído o campo conservador brasileiro. O embate público, marcado por insultos, ofensas e disputas de protagonismo, expõe uma direita fragmentada, que parece mais preocupada com o brilho individual do que com o fortalecimento das causas que diz defender.
A discussão teve início após Figueiredo minimizar a gravidade do caso de Filipe Martins, sugerindo que a inserção irregular de dados no sistema migratório dos EUA poderia ter sido apenas um erro burocrático. A declaração irritou Chiquini, advogado de Martins, que baseia sua defesa na tese de uma perseguição política orquestrada.
O que poderia ter sido um debate racional sobre fatos jurídicos e geopolíticos acabou se transformando num espetáculo lamentável de vaidades em choque, transmitido ao vivo, com direito a xingamentos e acusações pessoais — um show de descontrole que só serviu para alimentar o descrédito público sobre a própria direita.
Jeffrey Chiquini tenta se colocar como defensor da liberdade e dos “heróis da direita”, mas sua postura teatral e seus discursos inflamados têm cada vez mais tom de campanha eleitoral disfarçada de ativismo jurídico. O advogado, que tem planos políticos conhecidos, parece usar o caso de Filipe Martins como trampolim para autopromoção. Sua busca por holofotes enfraquece a seriedade das denúncias que representa e faz parecer que a causa é apenas mais uma bandeira de marketing.
Por outro lado, Paulo Figueiredo mantém o hábito de disparar contra antigos aliados sempre que contrariado. Sua arrogância pública, misturada ao moralismo de palco, o transformou em um símbolo da desagregação interna da direita. Ao invés de unir forças em torno de pautas comuns, Figueiredo prefere colecionar inimizades e criar cisões, o que enfraquece o movimento que afirma representar.
A cada novo embate, sua imagem de “voz firme do conservadorismo” se desgasta, convertendo-se em mais um influenciador movido por ego e ressentimento.
Enquanto Figueiredo e Chiquini se digladiam em público, a esquerda e o sistema que a sustenta seguem avançando — fortalecidos pela desorganização e pelo divisionismo que consome o outro lado. Em vez de expor as falhas e abusos do poder, as figuras que deveriam representar a resistência acabam entregando munição gratuita aos adversários.
Essas brigas públicas fragilizam a credibilidade do movimento conservador e desviam o foco dos verdadeiros inimigos da liberdade: o autoritarismo judicial, a censura e o aparelhamento estatal.
Figueiredo e Chiquini demonstram que a direita brasileira vive uma crise interna profunda — dominada por personalismos, vaidade e disputas por influência. Ao se atacarem em praça pública, ambos enfraquecem o movimento e fortalecem exatamente aqueles que dizem combater.
Enquanto continuarem trocando insultos em vez de argumentos, a esquerda e o sistema que ela domina continuarão triunfando — não por mérito, mas pela mediocridade e desunião de seus opositores.