A fala do Alexandre de Moraes durante o julgamento do chamado “núcleo de desinformação”, nesta semana, revelou mais do que uma simples posição jurídica. Quando o presidente do TSE afirmou que a decisão “servirá de precedente para as eleições de 2026” e que “a Justiça Eleitoral e o Ministério Público estarão atentos”, acendeu-se um alerta: o Judiciário quer, outra vez, colocar-se no centro do processo político brasileiro.
O que deveria ser uma advertência técnica transformou-se em recado de poder. A mensagem é clara — quem ousar questionar, criticar ou investigar o sistema eleitoral poderá ser enquadrado como criminoso. Em nome do combate às “fake news”, abre-se espaço para censura prévia, para perseguição política e para o silenciamento do debate público.
A democracia se enfraquece quando o medo substitui a crítica.
O papel do Supremo deveria ser o de garantir o equilíbrio entre os poderes, e não de se tornar o próprio poder. O país que sai de 2025 com ministros advertindo o que “não poderá ser dito” em 2026 corre o risco de repetir o pior de sua história recente: eleições sob vigilância ideológica.
Nenhuma democracia sobrevive quando juízes passam a definir os limites da palavra. O Brasil precisa de eleições livres — e isso inclui o direito de discordar.