SERÁ? “Bolsonaro é página virada para Trump”, diz ex-embaixador dos EUA

    25/10/2025 21h42 - Atualizado há 3 semanas

    O diplomata norte-americano Thomas A. Shannon Jr., que foi embaixador dos Estados Unidos no Brasil entre 2010 e 2013, afirmou que o ex-presidente Donald Trump considera o tema Jair Bolsonaro “uma página virada”. A declaração foi feita durante evento promovido pela Americas Society/Council of the Americas, em Washington, e repercutiu em diversos veículos internacionais neste sábado (25).

    Segundo Shannon, embora Bolsonaro tenha sido um aliado político de Trump no passado, essa afinidade hoje se tornou um obstáculo para a política externa norte-americana. “Trump vê Bolsonaro como um capítulo encerrado”, afirmou o diplomata, acrescentando que as prioridades do republicano estão voltadas para os atuais desafios geopolíticos e econômicos, e não para antigos aliados da extrema-direita latino-americana.

    Mudança de postura em Washington

    Shannon destacou que a Casa Branca — mesmo sob influência do trumpismo — tem adotado uma linha mais pragmática em relação ao Brasil. “Os Estados Unidos observam o cenário brasileiro com cautela, e a figura de Bolsonaro já não desperta o mesmo interesse de antes”, disse.

    Para o ex-embaixador, a relação entre Trump e Bolsonaro, antes marcada por gestos de admiração mútua e discursos semelhantes, perdeu força após a derrota de ambos nas urnas e as investigações sobre atos antidemocráticos em seus respectivos países.

    Contexto político e isolamento de Bolsonaro

    Nos últimos meses, Donald Trump concentrou sua atenção em temas internos e na disputa com o Partido Democrata, enquanto Bolsonaro enfrenta no Brasil uma série de processos e restrições judiciais. Shannon ressaltou que “há pouco a ser ganho politicamente” para Trump ao se associar novamente ao ex-presidente brasileiro.

    A avaliação coincide com o endurecimento das relações entre Washington e Brasília, especialmente após o governo americano sinalizar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, em reação ao que considerou “tratamento hostil” ao ex-presidente Bolsonaro.

    Apesar disso, o diplomata entende que as sanções foram motivadas mais por cálculo político do que por afinidades pessoais. “O que está em jogo é a política comercial e o posicionamento estratégico dos Estados Unidos na América do Sul”, completou.

    Repercussão no Brasil

    Analistas brasileiros avaliam que a declaração de Shannon representa o encerramento simbólico da ‘era Bolsonaro-Trump’, marcada por discursos ideológicos e alinhamento retórico contra o globalismo e as instituições multilaterais.

    Para a diplomacia norte-americana, a prioridade agora é reconstruir pontes com o governo brasileiro e reduzir tensões comerciais. “Os ventos mudaram”, concluiu Shannon.


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