O teatro do cinismo em Brasília ganhou mais um ato. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, foi desmentido ao vivo pelo próprio diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que afirmou publicamente que a PF sabia da operação no Rio de Janeiro — operação esta que resultou em mais de uma centena de mortos e reacendeu o debate sobre o combate ao crime organizado.
Em audiência nesta terça-feira (29), Rodrigues admitiu que houve sim comunicação prévia do governo fluminense, e que a PF tinha conhecimento da ação. O constrangimento foi imediato: Lewandowski interrompeu o diretor-geral no meio da fala, tentando, em vão, conter o dano à narrativa que vinha repetindo desde o início da crise — de que “o governo federal não foi informado”.
A verdade, entretanto, veio à tona. O governo do Rio de Janeiro não apenas comunicou, como solicitou apoio da Polícia Federal para a operação, mas o pedido foi recusado pelo Ministério da Justiça. Agora, diante da exposição pública da mentira, o ministro tenta manipular as palavras, dizendo que o contato “não foi institucional, mas operacional”. Uma tentativa desesperada de escapar da responsabilidade e salvar o discurso político.
Enquanto o país assistia a uma das maiores ofensivas contra o crime organizado na história recente, o governo federal se omitiu. Preferiu manter o jogo de empurra, alegando falta de comunicação, quando na verdade havia sido avisado e preferiu não agir.
A omissão deliberada demonstra que o Ministério da Justiça não quis se envolver para não “melindrar” seus aliados políticos e ideológicos. O resultado: dezenas de mortes e uma crise nacional de segurança pública que expôs o abismo entre discurso e ação.
Lewandowski tenta agora apagar os rastros da mentira, insinuando que o governo do Rio agiu de forma unilateral. Mas os fatos mostram o contrário: o próprio diretor da PF confirmou que a corporação estava ciente da operação — e, portanto, o governo federal tinha obrigação de saber.
Mentir em rede nacional, diante da tragédia que o país presencia, é indigno de um ministro da Justiça. Mais grave ainda é ver um ex-ministro do STF, acostumado a pregar sobre ética e legalidade, agir como porta-voz da desinformação.
Ricardo Lewandowski transformou o Ministério da Justiça em palanque político, mentindo descaradamente à população brasileira para tentar proteger o fracasso de um governo que se recusa a enfrentar o crime.
A verdade é simples: o governo do RJ informou, pediu ajuda, e foi ignorado. E quando a verdade apareceu, o ministro tentou calar quem a disse.