Bandeirantes mancha sua história ao sustentar figuras como Reinaldo Azevedo

Por Fábio Roberto de Souza

    31/10/2025 21h58 - Atualizado há 2 semanas

    Há nomes e instituições que construíram, ao longo de décadas, uma história de credibilidade, pluralidade e compromisso com o público brasileiro. O Grupo Bandeirantes de Comunicação é um desses nomes. Fundado sobre os pilares da informação, da transparência e da liberdade, a “Band” sempre foi referência em jornalismo sério e equilibrado — uma emissora que atravessou gerações mantendo o respeito de quem busca credibilidade.

    Mas, infelizmente, o que se vê hoje é a própria Bandeirantes manchando essa história ao dar voz e espaço privilegiado a figuras como Reinaldo Azevedo — um comentarista que transformou a análise política em exercício diário de vaidade, rancor e contradição.

    Da lucidez ao sarcasmo partidário

    Azevedo já foi, um dia, símbolo de lucidez entre analistas políticos. Criticava governos petistas com argumentos sólidos, defendia valores liberais e denunciava o autoritarismo travestido de democracia. Contudo, o que se viu nos últimos anos foi uma guinada tão brusca quanto inexplicável. O jornalista que um dia enfrentou o poder, hoje parece se alimentar dele — um defensor fervoroso do establishment, pronto para atacar quem ousa discordar de suas convicções momentâneas.

    O resultado são programas transformados em palcos de arrogância, sarcasmo e ataques pessoais, onde o interesse público foi substituído por ressentimento e narcisismo intelectual.

    A incoerência da emissora

    É legítimo que o jornalismo dê espaço à diversidade de ideias. O problema é quando essa diversidade se converte em disfarce para o oportunismo. Ao manter Reinaldo Azevedo em seu quadro de comentaristas, a Bandeirantes assume o risco de confundir liberdade de expressão com licença para desinformar, distorcer e agredir.

    Como uma emissora que se orgulha de sua tradição pode compactuar com o estilo debochado e corrosivo de quem trata a opinião pública como audiência cativa de seu ego? Como pode a Band — a mesma que formou ícones como Ricardo Boechat, Joelmir Beting e Boris Casoy — permitir que um comentarista transforme a análise jornalística em monólogo partidário?

    Credibilidade não se compra, se constrói

    A credibilidade da Bandeirantes não foi comprada, foi construída — com suor, ética e seriedade. Justamente por isso, é inaceitável ver essa herança sendo dilapidada em nome da audiência ou da conveniência política. Reinaldo Azevedo pode até garantir repercussão nas redes sociais, mas é o tipo de repercussão que fere a confiança do público e mancha a imagem de uma emissora que, até pouco tempo atrás, era sinônimo de equilíbrio.

    A Bandeirantes precisa decidir se quer continuar sendo um bastião do jornalismo responsável ou apenas mais um palco para o histrionismo travestido de comentário político. Porque, a cada dia que mantém pessoas como Reinaldo Azevedo em evidência, ela não apenas mancha seu presente — compromete o legado de toda a sua história.


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