Uma nova ofensiva do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acirrou os ânimos entre o Judiciário e a família Bolsonaro. Desta vez, além de determinar o bloqueio de contas, bens e chaves Pix do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a medida também atingiu a esposa do parlamentar, Heloísa Bolsonaro, que teve sua conta bancária bloqueada sem, segundo relatos do próprio deputado, qualquer comunicação oficial.
A decisão faz parte de um inquérito sigiloso que apura a atuação de Eduardo no exterior, especialmente nos Estados Unidos, em suposta articulação para pressionar autoridades e desestabilizar instituições brasileiras. O ministro acredita que Eduardo tem participado de uma rede internacional de influência política para impor sanções contra integrantes do STF e do governo brasileiro.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro classificou o ato como um "ataque covarde" e afirmou que sua esposa "não tem qualquer envolvimento político". Segundo ele, Heloísa só descobriu o bloqueio ao tentar realizar uma transação bancária na manhã de segunda-feira (22).
“Estamos vivendo tempos sombrios. Minha esposa não é investigada, não é política, não é figura pública. E ainda assim teve suas contas bloqueadas. Um verdadeiro absurdo jurídico promovido por Alexandre de Moraes”, afirmou.
Eduardo também acusou o ministro de atuar com “motivações políticas” e de usar o aparato judicial como instrumento de perseguição. “Nada disso me fará ceder ou recuar. A liberdade é maior que o medo”, concluiu.
Apesar do sigilo do processo, fontes do Supremo apontam que o bloqueio dos bens e contas visa impedir o desvio de recursos eventualmente utilizados para financiar operações de desinformação e lobby internacional contra o Estado brasileiro. De acordo com investigações preliminares, cerca de R$ 2 milhões foram repassados a Eduardo para sua permanência nos EUA, e há suspeitas sobre a origem e o destino desses valores.
Moraes também já havia determinado outras medidas restritivas ao deputado, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de uso de redes sociais, sob pena de prisão.
A escalada da crise jurídica também gerou repercussões internacionais. O presidente Donald Trump, aliado de Eduardo e Jair Bolsonaro, impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em apoio à família. Parlamentares republicanos, como Marco Rubio, anunciaram sanções contra ministros do STF, incluindo restrições de entrada nos Estados Unidos.
Do lado brasileiro, o governo Lula evita comentar diretamente as ações do STF, mas o Planalto monitora com preocupação os efeitos diplomáticos do caso.
O bloqueio das contas da esposa de Eduardo Bolsonaro, ainda que tecnicamente ligado a um inquérito sigiloso, levanta discussões sobre os limites da atuação judicial em casos que envolvem familiares não investigados. Críticos apontam que medidas como essa ferem garantias fundamentais e ampliam o desgaste da imagem do Judiciário. Já defensores da decisão alegam que o momento exige rigor e vigilância para conter movimentos considerados antidemocráticos.
A medida de Moraes se insere em um contexto de tensão institucional crescente, onde o Judiciário assume protagonismo, enquanto setores políticos veem nas ações do STF um avanço autoritário.
*Imagem IA