O pastor evangélico Silas Malafaia foi incluído pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga suposta obstrução da Justiça relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida foi autorizada pelo Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando a crescente lista de opositores e críticos do governo que passam a ser investigados pelo magistrado.
A investigação tem como alvo Malafaia, Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo. Segundo a PF, eles teriam articulado pressões internacionais contra o Brasil, mencionando a Lei Magnitsky e tarifas comerciais nos EUA como instrumentos de retaliação.
Críticos apontam que Moraes transforma divergências políticas em crimes, ampliando indefinidamente os inquéritos sob sua relatoria. Para juristas independentes, a prática configura um cenário de insegurança jurídica, em que a mesma autoridade atua como investigador, acusador e julgador.
A inclusão de Malafaia também se relaciona ao ato realizado em 3 de agosto, na praia de Copacabana, organizado pelo pastor. O evento contou com participação virtual de Jair Bolsonaro, fato usado como argumento para Moraes decretar, no dia seguinte, a prisão domiciliar do ex-presidente. Para aliados, o episódio é prova de que o STF utiliza interpretações elásticas da lei para manter Bolsonaro e sua base sob constante pressão.
Em vídeo nas redes sociais, Malafaia afirmou que soube da investigação apenas pela imprensa. Ele negou qualquer irregularidade e acusou o STF de implantar uma verdadeira “ditadura judicial”.
“Querem criminalizar a opinião e transformar críticas em obstrução da Justiça. O Brasil vive sob censura e perseguição”, afirmou. O pastor ainda comparou a atuação da PF a órgãos repressivos como a Gestapo e a KGB, destacando o risco de o país mergulhar em um regime autoritário disfarçado de democracia.
A condução do inquérito reacende a crítica de que o Supremo, sob a batuta de Moraes, ultrapassa seus limites constitucionais e age de forma política. O uso da PF como braço executor das decisões do ministro levanta questionamentos sobre a independência das instituições.
Enquanto o STF afirma defender a democracia, cresce o sentimento de que o tribunal age como poder absoluto, sem freios nem contrapesos. Para opositores, o que está em curso é a consolidação de um “Estado policialesco”, onde cidadãos, parlamentares, jornalistas e religiosos podem ser transformados em réus por simples manifestações de opinião.