O pastor Silas Malafaia voltou a desafiar abertamente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em um culto realizado no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (21). Um dia após ser alvo de busca e apreensão determinada por Moraes, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo usou o púlpito para afirmar que o magistrado “vai cair” e que “chegará a hora dele”.
A declaração ocorre em meio à escalada de tensão entre o Supremo e lideranças religiosas e políticas ligadas à oposição. Na quarta-feira (20), a Polícia Federal apreendeu o passaporte, o celular e cadernos de Malafaia, em cumprimento a ordem expedida por Moraes. O caso reforçou críticas de perseguição política e de abuso de autoridade, especialmente entre setores evangélicos.
Malafaia, conhecido por sua postura combativa, reagiu no dia seguinte diante de milhares de fiéis. Em sua fala, mesclou tom profético e denúncia:
“Declaro aqui, em nome de Jesus, esse homem vai ser julgado pelas leis deste país, ou pela ação de Deus, ou as duas coisas juntas, mas ele vai cair, vai chegar a hora dele.”
Em outro trecho do discurso, o pastor comparou a atuação da Polícia Federal, sob ordens de Moraes, à Gestapo — a polícia política nazista. Para Malafaia, a operação não passou de um ato arbitrário para intimidar a oposição.
“Transformaram a Polícia Federal em instrumento de perseguição. Isso não é justiça, é tirania travestida de legalidade”, disparou.
A fala de Malafaia rapidamente reverberou nas redes sociais, mobilizando apoiadores e críticos. Para setores evangélicos e da direita, o episódio reforça a narrativa de que Moraes estaria extrapolando os limites constitucionais e perseguindo adversários políticos. Já para aliados do governo e do STF, trata-se de mais uma tentativa de confrontar a Justiça e deslegitimar as instituições.
Especialistas em direito constitucional ressaltam que, apesar da retórica, não existe nenhum movimento institucional ou jurídico em andamento que coloque em risco o cargo de Moraes, cujo mandato no STF é vitalício até a aposentadoria compulsória.
O embate entre Moraes e lideranças conservadoras, em especial evangélicas, vem se intensificando. Malafaia, um dos principais porta-vozes desse grupo, sinalizou que não recuará:
“Podem apreender o que quiserem. Minha voz não será calada.”
O episódio marca mais um capítulo da deterioração do diálogo entre Judiciário e oposição, projetando um clima de instabilidade para os próximos meses.