O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), mostrou nesta terça-feira (9) a face de um líder sem coragem política. Questionado sobre o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Motta desconversou e disse que “não há previsão, nem de pauta, nem de relator”. A resposta soou como mais um gesto de covardia de quem prefere empurrar a responsabilidade para outros poderes.
Enquanto a oposição pressiona e o Centrão articula para acelerar a votação, Motta opta por lavar as mãos. A decisão da cúpula da Casa de só votar projetos “de consenso” nesta semana — justamente quando o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento da suposta trama golpista — expõe a estratégia de paralisar o Parlamento e jogar para o Judiciário o peso de um debate que deveria ser conduzido pela Câmara.
Críticos apontam que as sessões remotas, adotadas até o fim do julgamento, servem como desculpa conveniente para deputados se afastarem de Brasília e escaparem da cobrança popular. Sob a gestão de Motta, a Câmara se torna coadjuvante, refém da inércia e da conveniência política.
Em suas redes sociais, o presidente da Câmara tentou encobrir sua omissão com declarações sobre segurança pública. Posou em fotos na instalação da comissão especial da PEC da Segurança Pública, num gesto que mais pareceu encenação para mostrar serviço em uma pauta menos desgastante. O discurso de que “a segurança não é de esquerda, nem de direita” soou raso e oportunista, um truque retórico para evitar se posicionar em um tema realmente divisivo.
Na prática, Motta dá sinais de que prefere a comodidade do silêncio e da neutralidade aparente a assumir riscos políticos. Sua liderança, em vez de firme, se revela frágil, submissa e marcada pela covardia. Ao se esquivar da discussão da anistia, o presidente da Câmara mostra que está mais preocupado em agradar a todos — e, portanto, não lidera ninguém.
