O episódio envolvendo a rejeição do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como líder da minoria escancarou, mais uma vez, a fragilidade política e a falta de altivez do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Longe de se portar como a autoridade máxima da Casa, Motta prefere a postura subserviente diante das pressões externas – em especial, as chantagens impostas por Alexandre de Moraes.
Em entrevista ao Contexto Metrópoles, Eduardo Bolsonaro não poupou críticas: disse esperar “mais coragem” do presidente da Câmara, que se nega a cumprir o regimento e avalizar sua indicação. A denúncia é clara: Motta seria “refém do regime”, vítima de um processo de intimidação e extorsão que o leva a governar sob medo.
Na prática, Hugo Motta abdica de sua autonomia institucional para se tornar apenas um executor das vontades de Moraes. Não é a liderança que age, mas a covardia que se disfarça de neutralidade.
A presidência da Câmara não é um cargo de mero cerimonial. Cabe ao seu ocupante ser o guardião da soberania parlamentar e garantir que o Legislativo não seja reduzido a um apêndice do Judiciário.
No entanto, ao ceder às pressões de Moraes, Motta expõe a Câmara à humilhação: o Parlamento ajoelha-se diante de quem ameaça, em vez de se erguer em defesa da independência dos Poderes.
Ao negar a liderança da minoria a Eduardo Bolsonaro, Motta não apenas descumpre o regimento interno: ele passa a mensagem de que o Parlamento brasileiro não possui autonomia real, sendo conduzido por forças externas. O preço disso é alto – a erosão da confiança popular no Congresso e a consolidação de um sistema em que o medo substitui a lei.
Hugo Motta mostra-se incapaz de ser o presidente que o Brasil precisa. Em vez de honrar a cadeira que ocupa, prefere a condição de refém, aceitando as amarras impostas por Moraes e colegas do STF, trocando altivez por obediência.
Uma escolha que rebaixa o Parlamento e compromete o futuro da democracia brasileira.