O juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atuava como auxiliar no gabinete do Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), deixou oficialmente o cargo nesta sexta-feira (26).
A exoneração havia sido assinada no dia 15 de setembro pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, mas só agora foi publicada no Diário Oficial da União. Com isso, Tamai Rocha retorna ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde seguirá exercendo exclusivamente a magistratura.
De perfil discreto, o juiz estava no gabinete de Moraes desde abril de 2024, mas acumulou decisões de destaque no período. Entre elas, a manutenção da prisão do general Braga Netto em audiência de custódia, a determinação para que investigados retirassem fardas militares antes de depor e a repreensão a advogados por perguntas consideradas “desnecessárias” durante instruções processuais.
Antes de chegar ao STF, Tamai Rocha construiu carreira no TJSP, julgando casos de menor repercussão — como furtos de chocolates e ações de despejo — até chegar a processos de grande impacto. Seu currículo inclui milhares de sentenças e a condenação dos envolvidos no maior roubo a banco da história do Brasil, ocorrido em 2011, em São Paulo.
Nome ligado a sanções dos EUA
Na mesma semana em que deixou o STF, Tamai Rocha foi incluído em listas relacionadas à cassação de vistos promovida pelos Estados Unidos contra pessoas próximas a Moraes. A medida ocorreu paralelamente à aplicação da Lei Magnitsky à esposa do ministro.
Além dele, também tiveram vistos cancelados nomes como o ministro Jorge Messias (AGU), o ministro Benedito Gonçalves (STJ) e assessores próximos de Moraes, entre eles Airton Vieira, Marco Antonio Martin Vargas e Cristina Yukiko Kusahara.
Saída ocorre em meio a série de baixas
A saída de Tamai Rocha se soma a outras ocorridas no gabinete de Moraes nos últimos meses. Em março, o juiz André Salomon Tudisco também deixou o cargo e voltou ao TJSP.
Já em dezembro de 2024, duas exonerações ganharam repercussão: a do juiz Airton Vieira, que afirmou em áudios vazados não suportar mais a rotina por questões “físicas, psicológicas e emocionais”, e a do juiz Rogério Sampaio.
Na sequência, o perito Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, passou a denunciar irregularidades que atribui a Moraes, relacionadas à condução de investigações e produção de documentos quando o ministro presidia a Corte eleitoral.