A crise no Partido Liberal (PL) em Santa Catarina ganhou novos contornos nesta quinta-feira (23) após um duro desabafo da deputada federal Caroline de Toni (PL-SC).
A parlamentar reagiu às articulações do governador Jorginho Mello (PL), que teria defendido o nome do senador Esperidião Amin (Progressistas) para compor a chapa ao Senado ao lado do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), em reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília.
Segundo fontes ligadas ao PL, o encontro entre Jorginho e Bolsonaro, ocorrido na quarta-feira (22), foi marcado por tensão e divergências. Bolsonaro teria sido categórico ao afirmar que os dois nomes ao Senado deveriam ser Carlos Bolsonaro e Caroline de Toni, ambos filiados ao PL. O governador, porém, tentou convencer o ex-presidente a abrir espaço para Amin, argumentando que a aliança com o Progressistas garantiria mais tempo de TV e apoio político estratégico para sua campanha de reeleição.
A manobra irritou Caroline, que reagiu com firmeza e tom de ultimato. Em entrevista à Rádio Rede Princesa, de Xanxerê, a deputada afirmou que não aceitará ser preterida e cogita deixar o partido caso o compromisso firmado com ela não seja cumprido até março, prazo da janela partidária.
“Jorginho esteve na minha casa, olhou nos meus olhos e disse que a vaga seria minha. Eu dei a minha palavra a prefeitos e lideranças. Agora ele não quer abrir mão do tempo de TV do Amin. Até março espero resolver isso dentro do partido. Se não resolver, vou buscar outro caminho”, declarou.
Caroline também fez críticas à falta de lealdade entre as lideranças partidárias e destacou que “palavra ainda deve ter valor na política catarinense”.
“Eu tenho palavra. E palavra é algo que está em falta na política. Diferente de muitos políticos tradicionais, eu não volto atrás. Se eu der a palavra, eu cumpro — custe o que custar.”
A deputada lembrou que iniciou sua trajetória com apoio direto de Jair Bolsonaro, mas ressaltou que sua reeleição se deu pelo trabalho e reconhecimento em Santa Catarina.
“Eu me elegi graças ao Bolsonaro, sim, mas me reelegi pelo meu trabalho. Agora é o momento de mostrar estatura e independência. Não tenho dependência de cacique partidário. Não devo nada a ninguém — só a Deus e à minha consciência.”
Por fim, Caroline de Toni rejeitou especulações de que seria influenciada por interesses internos do PL catarinense.
“Tem gente que acha que, por eu ser uma pessoa serena, sou fantoche ou palhaça. Mas aqui ninguém é fantoche, ninguém é palhaço. Eu durmo com a consciência tranquila. Faço meu trabalho com coragem e caráter”, concluiu.
Com o desabafo, a crise interna no PL catarinense se agrava e expõe o racha entre o núcleo bolsonarista e a ala governista liderada por Jorginho Mello, em um momento decisivo de articulações para as eleições de 2026.