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03/12/2021 às 20h05min - Atualizada em 03/12/2021 às 20h05min

Gritaria e discussão entre testemunha, juiz e advogado marcam 3° dia de Júri da boate Kiss

TRAGÉDIA DA KISS

O terceiro dia de Júri do incêndio na boate Kiss acontece nesta sexta-feira (3) e houve bate-bocas entre uma testemunha, o empresário  Daniel Rodrigues da Silva, e o advogado de defesa, Jean Severo. Além deles, o juiz Orlando Faccini Neto interveio exigindo respeito.

Na época do incêndio, o empresário, hoje com 40 anos, trabalhava na loja que vendeu os objetos pirotécnicos para o evento, comprados pelo produtor musical Luciano Bonilha e entregue para o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos.

Após aceso, as faíscas do artefato chegaram à uma espuma que havia nas paredes e tetos, causando o incêndio. Naquela noite, 242 pessoas morreram e 636 ficaram feridas.

Discussão no tribunal
As discussões no Júri começaram quando Jean Severo perguntou sobre uma loja que pertencia à testemunha e foi fechada em 2015. “No que isso é relevante?”, questionou Daniel.

O advogado insistiu que a resposta era importante, sem explicar o motivo, e afirmou que a resposta era obrigatória. A testemunha disse: “não vou responder, não sou obrigada”.

Segurando uma cuia de chimarrão, o advogado respondeu aos gritos: “Claro que tu é obrigado, sim! Não começa, tu tem que responder. Tu botou esse rapaz aqui”, disse apontando para a cadeira de réus onde estava Bonilha. “Ele colocou esse inocente aqui, ele colocou!”.

O magistrado Orlando Faccini Neto interveio na discussão, interrompendo os gritos do advogado: “Só um minuto, doutor, aqui não é competição de quem grita mais algo. Se for, eu falarei mais alto”.

O juiz pediu para que o advogado tivesse calma, porque a pergunta era considerada “relevante” por ele e seria formulada. O administrador perguntou ao magistrado se a pergunta era obrigatória e ouviu dele que sim, Daniel deveria contar a história.

“Existe um tipo penal, um crime, que é o falso testemunho, que diz que, se a testemunha faltar com a verdade, ou também omitir, isso pode dar problema”, explicou o Juiz. Daniel confirmou que a loja foi multada em 2015 por armazenar produtos de modo inadequado.

“Eu recebi uma mercadoria, que não pode ser remetida a minha loja. Ela foi direcionada a uma garagem, houve denúncia por parte dos vizinhos e essa mercadoria foi devolvida para a empresa que me forneceu”, explicou o administrador.

“O senhor me respeite”, intervém o juiz
Minutos mais tarde, o bate-boca recomeçou. Um comprovante de vendas da loja onde Daniel trabalhava em 2013 foi reproduzido, constando a venda de uma unidade do Sputnik, um tipo específico de fogo de artifício que deve ser vendido em caixas, com instrução de uso.

O magistrado questionou quem teria feito a compra e os advogados de defesa, que apresentaram a nota, não souberam responder. “Na verdade, doutor, essa nota está juntada no processo, salve engano, [por] um antigo advogado, não me lembro de qual dos acusados”, disse.

O administrador negou que os artifícios fossem vendidos separados, mas disse não se lembrar do que motivou a nota onde constava uma unidade vendida. Severo, o advogado, voltou a gritar: “Só que ele comprou, né? É ilegal vender assim. A loja é ilegal, tudo é ilegal!”, acusou.

Daniel lembrou que estava ali como testemunha, não acusado. Severo retrucou dizendo que o administrador deveria estar no banco dos réus. Para tentar acalmar os ânimos, o juiz voltou a se referir ao advogado: “Doutor Jean, hoje não tá legal, hein?”.

Um intervalo de 10 minutos foi chamado pelo magistrado. Antes de saírem, ele reforçou: “Doutor, eu vou lhe dizer uma coisa. A próxima que o senhor fizer, não vai ficar aqui. A bancada de defesa é muito grande, o senhor me respeite”.
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