Igor Gadelha, em sua coluna no Metrópoles, destacou a seguinte chamada: “Eventuais novas sanções de Trump levarão Bolsonaro direto para a Papuda”. Segundo ele, aliados de Alexandre de Moraes afirmam que o ministro enviará Bolsonaro para o regime fechado caso Donald Trump aplique sanções contra autoridades brasileiras. Se isso for verdade, trata-se de um escândalo monumental. Mais um, aliás.
A juíza Ludmila Lins Grillo reagiu com indignação:
“Em democracias, a sociedade se escandalizaria com um juiz cometendo chantagem judicial, condicionando uma decisão a um acontecimento político, futuro e incerto, envolvendo sua própria pessoa ou aliados. O mais chocante é ver a imprensa divulgar isso sem pudor, como se fosse algo normal. Apenas em democracias esse absurdo seria tratado como o que é: inadmissível para um juiz”.
O procurador Marcelo Rocha Monteiro também mostrou espanto:
“Ainda estudante de Direito, aprendi que Justiça é uma coisa, vingança é outra. O juiz manda prender o réu quando ele é culpado, não quando não gosta do réu. Agora percebo que esses conceitos ficaram ultrapassados no Brasil de 2025. Deve ser o tal ‘neoconstitucionalismo’”.
Na mesma linha, o advogado do Rumble, Martin De Luca, foi direto:
“Isso não é justiça, é discurso de sequestrador. Transforma o Judiciário em ferramenta de política externa e retaliação. Qualquer noção de imparcialidade desaparece quando a pena depende do que governos estrangeiros fazem”.
Ele ainda lembrou a Convenção da ONU de 1979, que define tomada de reféns como “deter uma pessoa e ameaçar continuar a detê-la para forçar um terceiro (Estado, organização ou indivíduo) a agir ou se abster de agir”. Para De Luca, Alexandre de Moraes age exatamente dessa forma: a punição estaria atrelada não às ações do réu, mas às escolhas de governos estrangeiros. Um clássico caso de reféns do Supremo.
Enquanto isso, Gilmar Mendes, em mais uma de suas frases de efeito, teria dito que o STF não aceitará processos de impeachment contra ministros. O deputado Nikolas Ferreira rebateu:
“A Constituição é clara: o Senado pode julgar crimes de responsabilidade de ministros do STF, o que resulta na perda do cargo. Se Gilmar diz que não aceita, está rejeitando a Constituição e o Senado, que representa o povo”.
O próprio Marcelo Rocha Monteiro questionou: “E o que se faz quando um ministro declara publicamente que não aceita a Constituição?”. Já o escritor Flávio Gordon resumiu: “Só essa declaração já seria motivo para o impeachment desse sujeito”.
O advogado André Marsiglia reforçou o ponto:
A Constituição prevê impeachment de ministro do STF (art. 52, II) e é regulamentada pela Lei 1.079/50.
A Constituição e a LOMAN proíbem que ministros se manifestem sobre processos futuros, como o impeachment.
“Gilmar ignora a lei no ponto 1 e afronta no ponto 2. Depois não entende por que cresce a pressão pelo impeachment”.
Como se não bastasse, Gilmar Mendes ainda resolveu comentar publicamente o voto de seu colega Luiz Fux, apontando supostas incoerências. Mais uma invasão de atribuições que expõe o STF como palco político, não como tribunal.
O Brasil, diante de tudo isso, virou uma verdadeira várzea institucional. Ministros que se comportam como militantes, jornalistas que naturalizam chantagens, e críticas cada vez mais censuradas sob o rótulo de “ataques à instituição”.
A pergunta que fica é inevitável: quantas vozes já foram caladas pelo STF?