A Polícia Civil desencadeou, nesta sexta-feira (27), uma grande operação que teve como alvo uma quadrilha especializada na lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Essa organização é suspeita de usar carros de alta categoria, apartamentos e empresas, inclusive supermercados, como fachada para a movimentação ilícita, especialmente em Florianópolis.
A operação, batizada de “Bilionarco”, iniciou há aproximadamente 18 meses, quando um traficante foi detido na região norte de Florianópolis. Segundo o delegado Walter Figueiredo Loyola, foi identificada uma disparidade entre os bens do suspeito e sua renda.
“A incompatibilidade dos bens levou a um rastreio da origem do dinheiro, principalmente no que se refere à aquisição de propriedades”, explicou o delegado.
No decorrer das investigações, a polícia descobriu que o grupo usava receitas provenientes da venda de drogas para lavar dinheiro. No total, 22 empresas – algumas delas fictícias – eram usadas como fachada. Estas empresas, localizadas principalmente na capital catarinense, operavam em setores variados, como locação de veículos, construção civil e supermercados.
O delegado detalha: “O método era bem estruturado. Os membros do grupo recebiam drogas, vendiam-nas e, posteriormente, canalizavam os lucros para empresas que se encarregavam da lavagem de dinheiro”.
Nesse cenário, foram identificados laranjas que disponibilizavam suas contas bancárias ou documentos para a aquisição de bens, como imóveis e veículos.
A magnitude da operação é evidente pelo volume financeiro movimentado: a investigação detectou transações na ordem de R$ 800 milhões.
Nesta sexta-feira, 84 mandados de busca e apreensão foram executados em três estados: Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Destes, resultou no sequestro de 22 imóveis, que incluem apartamentos e terrenos de alto padrão.
“Os imóveis eram um meio de ‘esquentar’ o dinheiro ilícito. Contudo, a maioria dos bens identificados foram carros de alta categoria”, afirma o delegado André Gustavo Marafica Costa.
Os veículos confiscados incluem marcas como BMW, Porsche, Mercedes e Range Rover, somando 33 carros e uma estimativa de valor superior a R$ 5 milhões. Além dos veículos, a polícia conseguiu bloquear R$ 1 bilhão em ativos.
Durante a operação, 28 suspeitos foram identificados. No entanto, apenas quatro foram presos em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
“A coleta de informações continua. Documentos e outros materiais foram apreendidos e serão examinados”, reforça a autoridade policial.
A operação “Bilionarco” foi comandada pela Delegacia de Combate às Drogas (DECOD), vinculada ao Departamento de Investigação Criminal da Capital (DIC).