Samantha Pearson, diretora do Centro de Violência Sexual da Universidade de Alberta, Canadá, foi uma das signatárias de uma carta aberta que nega que mulheres tenham sido estupradas durante o ataque do Hamas, em 7 de outubro.
A carta foi escrita por duas políticas locais, Sarah Jama, membro do parlamento de Ontário, e Susan Kim, vereadora em Victoria. “Nós, os abaixo assinados, residentes no Canadá, instamos os líderes políticos canadenses a acabarem com a sua cumplicidade nos massacres e genocídios em curso em Gaza, na Palestina Ocupada”, escreveram.A carta pede o afastamento dos deputados e do primeiro-ministro, Justin Trudeau, por ter se recusado a exigir um “cessar-fogo“. Os signatários criticam ainda o líder da oposição por ter “repetido a acusação não verificada de que os palestinos eram culpados de violência sexual”.
O que chamam escandalosamente de “acusação não verificada” foi filmado, fotografado e testemunhado e os relatos emergiram com mais detalhes agora, devido ao anúncio feito pela polícia israelense, em 14 de novembro, de que foi aberta uma investigação especificamente sobre os casos de violação e mutilação sexual cometidos contra meninas e mulheres durante o ataque.
A revista francesa Marie Claire publicou, em 17 de novembro, uma reportagem na qual traz alguns dos relatos aterradores das violações e mutilações sofridas por mulheres israelenses em 7 de outubro de 2023, durante o massacre perpetrado pelo grupo terrorista Hamas.
As histórias são perturbadoras e insuportáveis, mas diante do absurdo silêncio, quando não do explícito negacionismo de muitas organizações feministas, assim como do apoio explícito aos terroristas do Hamas, no Brasil e no mundo, por parte de determinados agrupamentos ideológicos, faz-se necessário expor o horror, a fim de que os que defendem o Hamas saibam exatamente o horror que estão defendendo.
Todos os casos mencionados na referida reportagem da Marie Claire são corroborados por fotos, vídeos ou testemunhas. Alguns deles tiveram mais divulgação e provavelmente você já deve ter visto nas redes sociais. O corpo de uma mulher seminua, rodeada por homens armados que cuspiam nela, foi uma das primeiras imagens a circular na internet. Foram os próprios terroristas que filmaram e transmitiram a cena.
O corpo deitado de bruços, na traseira de uma caminhonete que desfilava em Gaza, era o da Dj alemã Shani Louk, de 23 anos, raptada na festa Rave. Sua mãe, Ricarda Louk reconheceu a filha pelas tatuagens. Fez apelos na internet pelo seu retorno. Algum tempo depois, recebeu a notícia de que ela fora decapitada e que um fragmento do seu crânio fora descoberto e identificado através de uma amostra de DNA.
Ainda não se sabe tudo sobre o que aconteceu às mulheres que caíram nas mãos dos terroristas, mas o que se sabe já é suficiente para falar em feminicídio em massa. É o que defende a associação francesa Parole de Femmes, que criou uma petição no change.org nesse sentido: “Muitos civis morreram, mas as mulheres não foram mortas da mesma forma que os outros. A violência contra estas mulheres corresponde em todos os sentidos à definição de feminicídio, ou seja, assassinato de mulheres ou meninas devido ao seu sexo”.
A porta-voz do “Paroles de femmes”, Yaël Mellul, deplorou o que chamou de “silêncio ensurdecedor” das associações feministas e de direitos humanos. Outra voz indignada com esse silêncio foi a de Myrian Levais, cofundadora da Cheek Magazine, mídia online feminista: “Aparentemente, as mulheres israelenses, que os agressores filmaram enquanto as violavam, torturavam, estripavam, queimavam vivas, essas mulheres não merecem que nos interessemos pela sua história”.
Com o andamento das investigações feitas pela polícia criminal israelense e divulgadas recentemente, vieram a público mais detalhes das atrocidades. O chefe da seção cibernética da unidade de polícia criminal sustenta que “nada foi feito ao acaso”.
Um sobrevivente do festival de música do Kibutz Reim, em frente a Gaza., identificado como “S.”, transmitiu seu depoimento por áudio, que foi posteriormente divulgado pelo DailyMail e pelo jornal israelense Haaretz. Ele descreve que viu uma mulher “com longos cabelos castanhos” que estavam sendo “puxados” por vários membros do Hamas em uniformes militares e que ela ainda estava “viva”, “de pé”, e “sangrando pelas costas.”
O sobrevivente “S” também relatou que um dos agressores cortou os seios da vítima, os outros brincaram com eles. O último que a estuprou atirou em sua cabeça e continuou a abusar dela depois de executá-la. O relato foi corroborado por outro homem que, ouvido também pela polícia, descreveu o fato nos mesmos termos.
As autoridades israelenses ouviram também o testemunho dos voluntários que participaram da recuperação e identificação dos restos mortais das vítimas. As equipes que aturaram logo após o ataque mencionam a descoberta de numerosos corpos de mulheres nuas, com sinais de brutalidade e abuso.
Uma fotografia tirada no local da festa rave mostra uma mulher deitada de costas no chão, parte inferior do corpo nua, pernas afastadas. O corpo apresenta vestígios de queimaduras na cintura e nos membros. Outra mulher aparece em uma foto nua, com as pernas abertas e a calcinha abaixada.
No centro de identificação de corpos, em Israel, o Dr. Alon Oz disse ter visto “mulheres queimadas com as mãos e os pés algemados” e “baleadas em partes íntimas”. O responsável pela sala mortuária descreve “roupas íntimas cheias de sangue” de algumas mulheres soldados. No seu depoimento ele acrescenta: “outras pessoas da equipe viram pélvis e pernas partidas”.
Um paramédico das forças especiais israelenses afirmou que, ao entrar na casa de uma família no Kibutz Be’eri – onde mais de 10% da população foi massacrada em 7 de outubro – viu “duas meninas deitadas: uma na cama, outra no chão, no quarto. A adolescente de 14 ou 15 anos está deitada no chão de bruços, com as calças abaixadas e ela está seminua, com as pernas bem abertas e há restos de sêmen nas costas”, detalhou. “Alguém a executou logo após estuprá-la brutalmente, atirando em sua cabeça. Ela foi deixada lá em uma pilha de sangue.”
Hila Fakliro, que trabalhava no festival de música eletrônica por ocasião do atentado, contou ter assistido a um vídeo publicado pelo Hamas no qual eles estupram uma de suas amigas: “E então eles a mataram e levaram seu corpo para Gaza. Ela nem estava viva quando a sequestraram.”
A reportagem acrescenta que, segundo a polícia, um dos obstáculos para as investigações é que das 1.200 vítimas registradas, centenas de corpos encontravam-se em estado muito degradado e muitos deles não foram devidamente fotografados devido ao caos que se seguiu ao ataque e à urgência de identificar os cadáveres. Além disso, há sobreviventes que estão muito traumatizadas e não querem mais falar.
Uma das sobreviventes, Yaël Mellul, quis dar seu testemunho e disse o seguinte à polícia israelense: “Fui estuprada. O Hamas me estuprou na frente do meu namorado. Um deles encostou uma faca na minha garganta, o outro me segurou por trás. O pesadelo durou horas. Eram 25 monstros.”
A reportagem segue com mais relatos, mas esses já deveriam ser o bastante para sensibilizar as feministas negacionistas.
Um motivo a mais para que os movimentos de luta pelos direitos das mulheres reconsiderem a absurda omissão ou cumplicidade em torno desse assunto é o fato de haver, entre os 239 reféns do Hamas, cerca de 80 mulheres que devem estar, nesse exato momento, sendo vítimas de barbaridades como as que já foram relatadas.