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03/04/2024 às 07h24min - Atualizada em 03/04/2024 às 07h24min

O filho de Lula que bateria em mulher e o caso do “esquerdomacho”

Por Mario Sabino - Metrópoles

Vou falar da acusação contra o filho caçula do presidente da República, Luis Claudio Lula da Silva, revelada pela sucursal paulista do Metrópoles.

Os petistas costumam associar violência e preconceito a bolsonaristas, como se fossem exclusividade dos apoiadores do ex-presidente. Tomar o todo pelo parte é uma operação ideológica banal e, geralmente, eficaz, porque mesmo os eleitores eventuais de Jair Bolsonaro se sentem constrangidos ao se ver associados a uma porção repulsiva da sociedade.

O caso de Luis Claudio Lula da Silva é exemplo de como essa operação ideológica é lorota pura. Ele supostamente teria agredido a mulher com quem vivia em uma relação estável de dois anos. De acordo com a médica Natália Schincariol, o filho de Lula a atacava física, verbal, psicológica e moralmente.

O pacote completo está no boletim de ocorrência que ela registrou na Delegacia da Mulher em São Paulo. Luis Claudio da Silva teria chegado a lhe dar uma cotovelada na barriga, em uma das brigas que aconteceram no final de janeiro.

Natália Schincariol afirma que foi chamada pelo filho de Lula de “doente mental”, “vagabunda”, “louca” e “gorda”. Traumatizada, teria ficado afastada do trabalho durante um mês. Também teria contraído uma infecção porque ele manteria relações sexuais com outras mulheres sem usar proteção.

Mais: ela diz que foi “manipulada” e “ameaçada” para não denunciar Luis Claudio da Silva, porque o agressor é filho do presidente e que, portanto, tem “influência para se safar das acusações”.

A defesa do suposto agressor afirma que as declarações são fantasiosas, que o seu cliente é vítima de calúnia, injúria e difamação e que serão tomadas medidas legais contra Natália Schincariol.

Seja como for, a Justiça concedeu medidas protetivas a pedido dela. Luis Claudio Lula da Silva teve de deixar o apartamento no qual vivia em relação estável e não poderá aproximar-se da ex-companheira.

No Instagram, a lavanderia pública de ex-casais que pareciam tão felizes como todos os outros que trocam juras de amor na rede social, Natália Schincariol publicou críticas a “esquerdomachos”. Ela explica o que é um esquerdomacho:

“Refere-se a um homem de ideias progressistas, com inclinações políticas de esquerda e que se diz defensor dos direitos das mulheres, mas que se contradiz em suas atitudes em relação às mulheres com quem convive.”

A definição é interessante por integrar a operação ideológica de que falei no início do artigo. Assim como todos os bolsonaristas ou direitistas seriam violentos e preconceituosos, todos os petistas ou esquerdistas seriam o seu exato contrário — e, portanto, seria um contradição quando demonstram ser semelhantes aos seus antípodas.

Nada disso é verdade, obviamente. Há misóginos, racistas, coléricos e seja o que mais for dos dois lados, assim como há bolsonaristas e petistas íntegros e incapazes de cometer atos violentos. Os vícios e as virtudes não são exclusividades ideológicas ou partidárias, nem valores conservadores ou progressistas estão ligados a traços de caráter negativos e positivos.

O que existe do lado da esquerda, em geral, é uma hipocrisia maior, uma vez que a esquerda é que se coloca historicamente como monopolista do bem e defensora da igualdade absoluta dos seres humanos.

Além de devidamente investigada do ponto de vista criminal, a história de suposta violência conjugal do filho de Lula deveria servir para que os petistas e simpatizantes abandonassem completamente a operação ideológica que tenta imputar a bolsonaristas e congêneres a exclusividade do mal — e que procurassem ser um pouco menos hipócritas em relação a eles próprios. Mas o ocaso do esquerdomacho é uma ilusão que já nasce perdida.

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