A virtual eleição dos novos presidentes da Câmara e Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), respectivamente, marca o final da era Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A gestão Lira foi marcada por vários episódios de tensões entre o Poder Executivo e Legislativo, principalmente no que se refere à gestão das emendas parlamentares. Graças ao grupo de Lira, os deputados ganharam poder e puderam indicar um valor recorde em emendas ao orçamento. Ao todo, em 2024, deputados e senadores puderam sugerir obras no valor de 54 bilhões de reais.
Entre seus colegas, Lira sempre foi conhecido por ser duro com os adversários, mas leal aos seus aliados. E foi dessa forma que ele ganhou poder e comandou a Câmara com mãos de ferro nos últimos quatro anos.
Agora, sem o poder da caneta, a tendência é que ele continue tendo influência em duas bancadas importantes na Casa: a Frente Parlamentar da Agropecuária e a bancada do PP. Ministérios no governo Lula? Por enquanto não. Lira tem dito a aliados que não é o momento.
Com seu jeito duro, Lira conseguiu entregar pautas importantes tanto para o governo quanto para a oposição. Se de um lado foi essencial na tramitação do pacote de medidas econômicas, com o arcabouço fiscal e a reforma tributária; do outro permitiu o avanço de pautas como o endurecimento do aborto e a limitação das decisões monocráticas de ministros do STF. Jogou dos dois lados e colheu fruto dos dois.
A gestão Pacheco foi considerada de um covarde. Pacheco fugiu de polêmicas e de assuntos espinhosos. Até mesmo em notas oficiais, evitava críticas públicas. Por conta de seu jeito esguio, o Congresso passou a adotar o termo “Pachecou” ao se referir a decisões consideradas dúbias e sem contundência.
Responsável por dar seguimento a pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, Pacheco evitou polêmicas com o STF e deixou na gaveta todas as denúncias por crime de responsabilidade. Bem ao seu estilo, “não quero briga com ninguém”.