Não foi isso que eu aprendi com meu avô sobre ética, sobre princípios. O presidente Lula nomeou para o Superior Tribunal Militar a advogada de Gleisi, de Paulo Bernardo, o então marido de Gleisi, que era ministro das Comunicações, e advogada de Alckmin. Advogada de Gleisi e Paulo Bernardo na Lava Jato. A advogada Verônica Abdalla Sterman vai ser ministra do STM.
Bom, em primeiro lugar, a questão do meu avô, né? Veja só, ele (Lula) já nomeou o próprio advogado para ser ministro do Supremo, Zanin. O advogado do PT para ser ministro do Supremo, que trabalhava com José Dirceu, o Toffoli, que soltou José Dirceu, seu ex-patrão. Meu avô me ensinou que isso é impossível. A gente não pode fazer isso, né? Nem no serviço público, nem lugar algum.
Eu já contei para vocês que mesmo no tempo em que eu era chefe da Globo em Brasília, meus vizinhos vinham me pedir: "olha, tem que consertar o bueiro na nossa rua e tal". Eu dizia: "eu não posso, eu moro aqui, eu não posso. Não posso, é impossível, porque envolve o meu interesse pessoal. Eu não posso usar a televisão para defender meu interesse pessoal.”
Gente, isso é básico de ética, só que não funciona mais. O que há, o que houve com a gente? Nós estamos afundando. Japão e Alemanha, arrasados na Segunda Guerra, se ergueram por causa dos valores que começam em casa, começam na família e se impõem na nação e no Estado que serve à nação.
Advogados buscam títulos em Tribunais Superiores
Outra coisa que eu não entendo: advogado brilhante, que ganha sei lá, R$ 1 milhão por mês — se for brilhante, ganha mais de R$ 1 milhão por mês — vai ganhar, comparado com o que ganhava por mês na banca de advocacia, um salariozinho de ministro de Tribunal Superior.
Eu não entendo isso, eu não entendo esse desprendimento. A pessoa já fez o pé de meia e agora quer o título. Eu não posso ir além dessa suposição, né? Não posso pensar mal de ninguém, mas eu fico sem entender. Realmente fico sem entender.