Parlamentares de direita reagiram com indignação às falas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, durante evento em Nova York. Para o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), o ministro “confirma novamente o que todos já sabemos: que houve interferência da Corte no processo eleitoral brasileiro, incluindo pedidos para que os EUA de Biden também interferissem, o que foi feito”.
“Barroso disse que o STF ‘derrotou o bolsonarismo’ e, a cada entrevista e palestra que dá, apresenta mais provas de que sua fala no evento da UNE não foi apenas uma bravata. Foi a confissão dos crimes eleitorais que a própria Corte cometeu contra a campanha de Bolsonaro, agora comprovadamente com participação da administração esquerdista de Biden”, disse o parlamentar em entrevista a este site.
As críticas vieram após Barroso declarar que, quando presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu três manifestações públicas de apoio do governo de Joe Biden à democracia brasileira, uma delas diretamente ao Departamento de Estado dos EUA. Segundo ele, o gesto visava desestimular qualquer investida antidemocrática das Forças Armadas durante o processo eleitoral de 2022.
“Os militares brasileiros não gostam de se indispor com os Estados Unidos, porque é lá que obtêm seus cursos e equipamentos”, afirmou Barroso, ao mencionar que os EUA tiveram papel “decisivo” para preservar a institucionalidade no país.
A fala repercutiu entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que a consideraram uma confissão de interferência externa indevida.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou a situação e cobrou isonomia:
“Moraes considerou que eu estaria violando a soberania brasileira e cogitou apreender meu passaporte. Então o que dizer da confissão do presidente do STF?”, escreveu nas redes. É atribuição de um juiz da Suprema Corte pedir para o governo Biden intervir em nossa eleição? Isso sim é conspiração, margem para impeachment.”
Eduardo ainda relembrou a intensa movimentação de autoridades americanas no Brasil às vésperas da eleição presidencial de 2022. Citou visitas do diretor da CIA, William Burns, do conselheiro de segurança Jake Sullivan, da subsecretária Victoria Nuland e do assessor especial Juan González, sugerindo que a agenda oficial foi usada como pretexto para pressionar o governo Bolsonaro e garantir a vitória da esquerda.
Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador do Rio, também escreveu em sua conta no X: “Alguém ainda tem dúvidas do que aconteceu em 2022?”
O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), também acusou Barroso de manipulação jurídica:
“Faz contorcionismo cínico para justificar as interferências do STF na política. Segundo ele, o Supremo se mete em tudo porque a Constituição é muito abrangente. É muita cara de pau!”
O atual cenário político nos Estados Unidos é visto por aliados da oposição no Brasil como mais favorável à liberdade de expressão e ao combate a abusos de autoridade. Com Donald Trump de volta à liderança republicana e Marco Rubio à frente do Departamento de Estado, cresce entre parlamentares conservadores a expectativa de que Washington atue como aliado estratégico da oposição brasileira. Ambos têm demonstrado preocupação com os rumos do Brasil e reforçado discursos em defesa da democracia e contra o autoritarismo judicial.
Além das falas sobre os EUA, Barroso defendeu que o STF apenas cumpre seu dever ao interpretar a Constituição, e negou que a Corte esteja extrapolando suas competências. O ministro também rebateu críticas do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que havia cobrado “autocrítica” dos Três Poderes, em meio ao atrito entre Legislativo e Judiciário por causa do caso Alexandre Ramagem.
“O Supremo tem o seu papel de interpretar a Constituição e o faz na medida adequada”, disse Barroso a jornalistas.
O caso segue alimentando tensões institucionais. Para a oposição, as declarações do presidente do STF comprovam a narrativa de que houve ação coordenada – com apoio estrangeiro – para impedir a reeleição de Bolsonaro. Parlamentares devem intensificar cobranças por investigações e responsabilizações nos próximos dias.