Só faltou chamar de burro - Macron critica tentativa de Lula de culpar Ucrânia por continuidade da guerra

    05/06/2025 17h46 - Atualizado há 1 dia

    O presidente da França, Emmanuel Macron, confrontou publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (5), ao rebater declarações do líder brasileiro que sugeriam responsabilizar a Ucrânia pela continuidade da guerra com a Rússia. Durante entrevista transmitida ao vivo na França, Macron também corrigiu o entendimento de Lula sobre o conceito de multilateralismo e cobrou uma postura mais firme do Brasil na pressão por um cessar-fogo.

    "Fiquei preocupado porque, na semana passada, quando se começou a discutir a paz, parece que houve um ataque da Ucrânia a um aeroporto — não sei onde — na Rússia. E agora estou lendo que [o ex-presidente dos EUA] Donald Trump publicou um tuíte dizendo que conversou com [o presidente russo Vladimir] Putin, e que a conversa não foi boa. Segundo ele, Putin prometeu retaliar a Ucrânia", disse Lula.

    Lula referia-se, aparentemente, a um ataque ucraniano com drones no domingo (1º), que atingiu quatro bases militares na Rússia, destruindo aviões de radar e bombardeiros estratégicos, sem vítimas civis. Segundo Kiev, cerca de um terço dos aviões russos capazes de lançar mísseis nucleares foram danificados — informação não confirmada por Moscou nem por fontes independentes. Trump, em coletiva, afirmou que Putin prometeu retaliação.

    "Ou seja, as pessoas precisam se dar conta — e eu disse isso pessoalmente ao presidente Putin — de que chegou o momento de encerrar essa insanidade. Já está mais do que provada a irracionalidade dessa guerra", concluiu Lula.

    Diante de Lula, Macron foi direto ao criticar a tentativa de dividir responsabilidades entre os dois lados do conflito.

    "Neste caso, precisamos de ideias simples: há um agressor, a Rússia, e um agredido, a Ucrânia. Todos queremos a paz, mas não podemos tratar ambos como se fossem equivalentes. Segundo ponto: a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos foi aceita pelo presidente Zelensky, em março, em Jedá (Arábia Saudita), mas continua sendo recusada por Putin. Ele começou a guerra e não quer parar", afirmou o presidente francês.

    Lula declarou que o Brasil é contra ocupações territoriais e mencionou uma proposta conjunta entre Brasil e China — com apoio de outras 11 nações, em sua maioria países em desenvolvimento — para promover o diálogo pela paz. Criticou ainda o enfraquecimento da ONU e voltou a defender uma reforma no Conselho de Segurança, com mais países membros permanentes.

    Macron, por sua vez, reconheceu a importância da defesa do multilateralismo, mas ressaltou que a prioridade é a proteção dos princípios da Carta das Nações Unidas, que garante a integridade territorial dos Estados e proíbe anexações forçadas.

    "A violação da integridade territorial foi cometida pela Rússia, não pela Ucrânia. Não podemos nos enganar: um país que viola a Carta da ONU, mesmo sendo membro permanente do Conselho de Segurança, e que recusa a paz, deve ser responsabilizado", reforçou.

    Por fim, o líder francês convocou uma ação conjunta da comunidade internacional.

    "Americanos, chineses, brasileiros e indianos — todos devemos exercer pressão sobre a Rússia para que esta guerra termine. Só assim será possível negociar uma paz duradoura", concluiu Macron.


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