Lideranças do União Brasil e Progressistas reforçam que presidente agrava crise com os EUA
Em nota divulgada agora há pouco, a União Progressista, federação formada por União Brasil e Progressistas, criticou duramente o presidente Lula pelas declarações feitas no 17° Encontro Nacional do PT, realizado no domingo (3).
Lula acusou os Estados Unidos de envolvimento em golpes no Brasil e voltou a defender a criação de uma moeda alternativa ao dólar para transações comerciais internacionais.
A resposta foi assinada pelos presidentes Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (Progressistas). Segundo o texto, os posicionamentos do presidente “podem agravar as tensões econômicas e diplomáticas com um parceiro comercial estratégico”.
A nota afirma que a retórica adotada no evento petista compromete a capacidade do Brasil de negociar com pragmatismo diante das tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
“Adotar uma retórica confrontacional, que remete a eventos históricos sem foco em soluções práticas, compromete a capacidade do Brasil de negociar com pragmatismo e buscar acordos que minimizem o impacto dessas tarifas”, diz o texto.
A União Progressista também reagiu à fala de Lula sobre a substituição do dólar nas trocas comerciais. Para os partidos, embora o debate possa ter validade no longo prazo, ele não resolve os efeitos imediatos da crise para as empresas brasileiras.
“Declarações inflamadas e a evocação de conflitos passados arriscam isolar o Brasil em um momento em que a cooperação internacional é essencial para superar os desafios econômicos globais”, alertam.
A federação cobra que o governo federal atue com “serenidade e visão estratégica” e lidere negociações com os EUA baseadas em respeito mútuo, com foco na defesa dos interesses econômicos nacionais.
Falas de Lula
Durante a posse de Edinho Silva na presidência do PT, Lula afirmou que o Brasil continuará buscando alternativas ao uso do dólar. “Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países”, disse.
O presidente também relembrou iniciativas anteriores, como a adotada em 2004 com a Argentina, e voltou a acusar os Estados Unidos de participarem de golpes de Estado no Brasil.
“Eu também não vou esquecer que eles já deram golpe aqui, ajudaram a dar golpe. Mas o que eu quero saber é daqui para frente o que eu faço? E daqui para frente eles têm saber que nós temos o que negociar”, afirmou.
O discurso ocorre na mesma semana em que entram em vigor as sanções tarifárias impostas por Donald Trump, e é visto por aliados como provocação que pode comprometer futuras negociações.