As eleições presidenciais de 2022, que levaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de volta ao Palácio do Planalto, podem ter sido alvo de influência externa coordenada por órgãos ligados ao governo dos Estados Unidos. A acusação partiu de Mike Benz, ex-diretor do Departamento de Estado norte-americano e especialista em guerra informacional, em depoimento recente ao Congresso Nacional.
Benz, que hoje lidera a organização Foundation for Freedom Online, denunciou uma rede internacional de controle narrativo operando dentro do Brasil com apoio logístico, técnico e financeiro de agências americanas como USAID e National Endowment for Democracy (NED). Segundo ele, esse aparato atuou para desestabilizar o governo Jair Bolsonaro e favorecer a candidatura de Lula.
“O modelo usado no Brasil foi o mesmo aplicado em outras democracias: cooptar ONGs, financiar mídia ‘independente’, censurar vozes conservadoras e consolidar um sistema de checagem de fatos que só valida um lado do espectro político”, declarou Benz em vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais.
Entre os alvos da suposta operação internacional estariam redes sociais, plataformas de mensagens, influenciadores conservadores e até o Judiciário brasileiro. Benz citou nominalmente:
Agências de verificação de fatos como Agência Lupa e Instituto Vero
ONGs com atuação política, como Cáritas Brasileira e Sleeping Giants Brasil
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Alexandre de Moraes, por sua atuação em bloqueios e censuras prévias de conteúdo bolsonarista
O ex-agente afirmou que o objetivo era “criar uma teia de controle narrativo e desinformação oficializada” com apoio tácito da embaixada americana e da Casa Branca sob Joe Biden.
Apesar das denúncias de grande repercussão, Benz não apresentou provas documentais diretas de que houve interferência formal do governo dos Estados Unidos na eleição. As acusações se baseiam em documentos públicos de repasses internacionais, padrões de atuação anteriores e parcerias entre ONGs e agências americanas.
Entidades citadas negam qualquer envolvimento em manobras eleitorais e afirmam atuar com base em princípios éticos e transparentes. A USAID, por exemplo, alegou que seus projetos no Brasil são voltados à “promoção da democracia e combate à desinformação”.
As declarações de Mike Benz causaram forte reação entre parlamentares da oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que as revelações podem justificar a cassação do registro do Partido dos Trabalhadores (PT), caso fique comprovado o uso de recursos estrangeiros.
Já o deputado Filipe Barros (PL-PR) defendeu a abertura de uma CPI para investigar a possível influência estrangeira no processo eleitoral de 2022, classificando as denúncias como "gravíssimas" e "potencialmente criminosas".
“Se confirmadas, estamos diante de uma eleição viciada, manipulada de fora para dentro, com impactos profundos na soberania nacional”, disse Barros.
Possível abertura de uma CPI para investigar a denúncia no Congresso
Solicitação formal de esclarecimentos ao Itamaraty e à embaixada dos EUA
Investigação sobre repasses internacionais feitos a ONGs e entidades de mídia
As revelações de Mike Benz acendem um novo alerta sobre os riscos de ingerência internacional em processos eleitorais, especialmente em países em desenvolvimento. Se confirmadas, as denúncias podem redesenhar a compreensão do que de fato ocorreu nas eleições de 2022 no Brasil — e colocar em xeque a lisura de um dos pleitos mais polarizados da história recente.
A soberania eleitoral brasileira está, mais uma vez, no centro de uma disputa que transcende fronteiras.
