O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a demonstrar que seu estilo de comunicação pode transformar um anúncio econômico em um constrangimento diplomático.
Durante a apresentação do chamado Plano Brasil Soberano, voltado a mitigar os efeitos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, Haddad afirmou que o país estaria sendo “sancionado por ser mais democrático que seu agressor” — uma frase que, além de imprecisa, soou deslocada no contexto econômico e provocou reações irônicas no meio político e empresarial.
A declaração foi feita em entrevista exclusiva, transmitida ao vivo, no momento em que o ministro tentava transmitir segurança e firmeza diante da crise comercial. No entanto, a retórica inflamada acabou roubando a cena e deixando em segundo plano o conteúdo técnico do pacote de medidas.
O plano, que prevê R$ 30 bilhões em crédito a pequenas e médias empresas exportadoras, prorrogação de regimes como o drawback, diferimento de tributos e um novo modelo do programa Reintegra, foi ofuscado pelo tom político e pelas comparações improvisadas de Haddad.
Analistas apontam que a fala foi um “tiro no pé” diplomático. Ao insinuar que o governo norte-americano é “menos democrático” e, ao mesmo tempo, buscar negociar saídas para o tarifaço, Haddad acirra tensões e dificulta canais de diálogo que já estão fragilizados.
O mercado financeiro também reagiu com cautela: para investidores, o momento exigia sinais claros de estabilidade e estratégia econômica, não metáforas políticas que soam como provocação. Em redes sociais, a frase rapidamente virou meme, com montagens ironizando a suposta “coragem patriótica” do ministro diante de um cenário de crescente isolamento comercial.
Não é a primeira vez que Haddad se vê no centro de um “mico” público. Nos últimos meses, colecionou episódios de declarações confusas ou contraditórias em temas econômicos — desde o recuo em promessas fiscais até falas imprecisas sobre inflação e juros. Para críticos, o ministro parece insistir em transformar coletivas técnicas em palanques improvisados.
Ao tentar revestir uma crise econômica de discurso nacionalista, Haddad corre o risco de perder credibilidade tanto interna quanto externamente. No lugar de um recado sólido ao mercado e aos parceiros comerciais, o que ficou marcado no dia foi mais um momento de constrangimento internacional — e a constatação de que, na diplomacia econômica, palavras mal colocadas custam caro.
*Imagem IA