A Primeira Turma do STF concluiu nesta quinta-feira (11) a condenação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Mas o que poderia ser interpretado como uma punição exemplar, na prática, não passa de uma farsa judicial: Cid, o grande “X9” da narrativa do Supremo, recebeu apenas dois anos em regime aberto — praticamente um prêmio para quem se tornou peça-chave da perseguição política.
Cid foi condenado por uma lista interminável de crimes: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Mas nada disso o levará de fato para trás das grades. Isso porque Alexandre de Moraes fez questão de validar a delação premiada do militar, mesmo após onze depoimentos recheados de versões diferentes e contraditórias. Ou seja: um delator que não consegue repetir a mesma história duas vezes se tornou “a verdade oficial” da corte.
O resultado é uma contradição gritante: enquanto outros réus enfrentam penas duríssimas e uma máquina judiciária implacável, Cid e sua família saem com o bolso e a vida garantidos. O acordo assegura restituição de bens, extensão dos benefícios ao pai, esposa e filha, além de segurança permanente da Polícia Federal.
Na prática, Mauro Cid não foi condenado — foi recompensado. Em troca de servir ao enredo montado pelo STF contra Bolsonaro e aliados, mentindo em série e se desmentindo a cada interrogatório, conquistou o que todo criminoso delator sonha: liberdade e proteção oficial.
O episódio escancara a lógica perversa que guia o Supremo: quem entrega a narrativa exigida, mesmo que com contradições grotescas, é absolvido de fato; quem ousa resistir, é esmagado sem piedade.