Rueda é alvo de denúncias de piloto filiado ao PSOL; PT também contratou táxi aéreo usado por ‘Beto Louco’
Noticiei em primeira mão durante a Alive de hoje que o União Brasil daria 24 horas para Celso Sabino deixar o Ministério do Turismo, sob risco de “ato de infidelidade partidária” e consequente perda de mandato. O anúncio oficial saiu há pouco, em nota sobre denúncias publicadas pela imprensa contra Antonio Rueda, presidente do partido do Centrão.
O ultimato a Sabino é coerente com o anúncio de desembarque feito há duas semanas pela federação União Progressista, mas foi precipitado pelas manchetes que tentam vincular o cacique partidário a empresários investigados por suposta relação com o PCC. Não é pouca coisa.
Desde a deflagração da Operação Carbono Oculto, o PT e seus satélites tentam vincular seus rivais políticos à organização criminosa. A investigação trouxe à tona, de fato, um imbricado sistema de sonegação de impostos no setor de combustíveis e lavagem de dinheiro via fundos de investimento.
Na verdade, a Carbono é apenas uma de três investigações com o mesmo objetivo e que foram deflagradas simultaneamente. Uma delas é federal e está na 13a Vara: Operação Tank, cujo relatório repete acusações que também constam da investigação do Gaeco do Ministério Público de São Paulo.
Apesar dos fortes indícios em relação aos crimes que citei acima, o mesmo não se pode dizer da suposta relação desses empresários com o narcotráfico — ao menos não neste momento da investigação. O curioso de todo esse episódio é justamente a tentativa do PT e seus satélites de carimbarem a sigla PCC na testa dos opositores.
Chegaram a fazer uma peça de propaganda associando o PCC a Nikolas Ferreira, peça compartilhada pelo perfil social da associação de moradores da Favela do Moinho. Ocorre que as chefes da citada associação, Alessandra Moja e sua filha Yasmin, foram presas logo depois por ligação… com o PCC.
Mas, vejam, que Alessandra, irmã do narcotraficante Leo do Moinho, esteve ao lado de Lula no evento de lançamento do projeto habitacional do governo federal na comunidade. O mesmo Lula que não topou classificar o PCC como organização terrorista, como queria o governo de Donald Trump.
Como se a investida contra Nikolas não surtisse efeito, a máquina de assassinar reputações do PT agora mira o advogado Antonio Rueda, responsável pelo racha do Centrão com governo. Ele também foi identificado como um dos principais promotores da pauta da anistia junto à bancada, que ontem votou em peso pela urgência do projeto.
FALTA DE PROVAS
As novas denúncias surgem justamente neste contexto e precisam ser analisadas pelas provas que as sustentam. Se elas existissem. A acusação tem uma única fonte, o piloto Mauro Caputti Mattosinho, que relatou ao ICL — canal do banqueiro Eduardo Moreira e do youtuber Felipe Neto — ter presenciado conversas que apontam para Rueda.
Segundo Mattosinho, o advogado seria dono oculto de várias aeronaves usadas pela empresa TAP (Táxi Aéreo Piracicaba), que também foi usada pelos empresários Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, apontados como responsáveis pelo esquema de fraudes fiscais no setor de combustíveis.
O piloto não apresenta provas, mas teria prestado depoimento à Polícia Federal logo após seu retorno de uma viagem ao Uruguai, para onde levou a família de Beto Louco, justamente na ocasião da operação Carbono Oculto. Chama atenção que Mattosinho tenha procurado o ICL Notícias ainda em novembro de 2024, e não a PF ou o Ministério Público.
FILIAÇÃO AO PSOL
Mais curioso ainda é o fato de Mattosinho ter se filiado ao PSOL no início deste ano! Se as acusações não vêm lastreadas em provas contundentes, a filiação partidária depõe contra a credibilidade da própria testemunha, sugerindo a existência de objetivos puramente políticos por trás da denúncia.
Denúncia que, aliás, parece ignorar de forma consciente que as mesmas aeronaves usadas por Beto Louco e Primo também já foram locadas pela Táxi Aéreo Piracicaba a diferentes empresários, políticos e partidos, como o próprio PT; como é próprio de empresas de táxi aéreo.
Em 2023, Gleisi Hoffmann, ainda presidente da legenda, cumpriu agendas políticas em Minas Gerais a bordo do CitationJet 2, citado na mesma reportagem que acusa Rueda. A aeronave usada pela petista está em nome da Serveg Serviços, de criação de bovinos, registrada num imóvel da periferia de Imperatriz (MA).
Bora investigar?
Chega a ser cômico que, no mesmo dia da reportagem vinculando o cacique do Centrão ao PCC, o marqueteiro Sidônio Palmeira lance uma campanha ufanista colocando o governo Lula como responsável único da “maior operação da história contra o crime organizado”, ignorando as investigações estaduais — inclusive sob o governo de Tarcísio de Freitas.
Peças de propaganda normalmente são mentiras embaladas como verdades. Na campanha política que mostra Lula como o grande combatente do PCC, há um recado que soa como insinuação. Diz que, desta vez, “a Justiça será feita”, “vai chegar até em quem está no topo”. Claro que vai.