A palavra “Heil”, encontrada nos telhados de algumas casas do município de Urubici, na Serra Catarinense, foi objeto de discussão em um artigo de opinião publicado no jornal Folha de São Paulo nesta semana. O sobrenome também é tradicional e comum na cidade de Brusque.
A autora do texto, a jornalista Giovana Madalosso, mencionou ter visto essa palavra durante suas férias na Serra. Em seu artigo, a jornalista disse que palavra poderia estar relacionada à saudação nazista “Heil Hitler” (salve Hitler, em português).
Eleições
No texto, a colunista também estabelece uma conexão entre o resultado eleitoral das eleições de 2022 e a suposta saudação. Essa alegação da jornalista foi contestada pela Câmara de Vereadores de Urubici, que emitiu uma nota de repúdio.
No comunicado, a Câmara expressa sua insatisfação com a construção textual pouco cuidadosa da jornalista, que insinuou que 69% da população catarinense possui afinidades com ideologias fascistas ao relacionar o resultado das eleições anteriores com a inscrição “Heil”.
De acordo com a Câmara de Vereadores, a palavra “Heil” encontrada nos telhados das residências refere-se ao sobrenome das famílias que possuem origem alemã. Na nota divulgada, é explicado que a inscrição “Heil” no telhado representa o sobrenome dos proprietários dos imóveis e não possui qualquer relação com saudações nazistas, conforme sugerido pela jornalista.
A nota também ressalta que o município está vigilante em relação a possíveis práticas relacionadas ao nazismo. É enfatizado que expressões e comportamentos dessa natureza não serão tolerados sob nenhuma circunstância.
Alesc
O texto publicado pela Folha de São Paulo também repercutiu na sessão de terça-feira, 23, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
Sargento Lima (PL) criticou matéria publicada pela Folha.
“A senhora estava no estado mais seguro do país, por isso a senhora escolheu visitar o nosso estado, fazendo um desfavor ao povo ordeiro e pacífico de Santa Catarina”, declarou Lima, acrescentando que membros da Bancada do Partido Liberal acionaram o Ministério Público (MP-SC) para apurar a responsabilidade do jornal e da articulista que assinou a matéria.
Gerri Consoli (PSD) e Maurício Peixer (PL) apoiaram Lima.
“Em palestra que fiz fora do estado fui indagado da cultura do nazismo em Santa Catarina”, registrou Consoli, que negou enfaticamente a existência dessa cultura, apesar de, em seguida, lembrar do caso de uma piscina com o desenho da suástica no fundo e que foi alvo de ação do MP-SC.
“Foi em Urubici, uma cidade ordeira, turística, uma cidade maravilhosa, e daí vem uma pessoa desqualificada, utilizando um diário nacional para falar tamanha besteira. Veio com olhos de urubu e cometeu essa injúria direta contra os catarinenses e contra a família Heil. Ela que não venha mais para cá, nós ficaremos muito felizes com essa atitude dela”, registrou Peixer.