Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ultrapassou mais uma vez todos os limites que deveriam separar magistratura e política. Ao comparecer a um encontro de partidos políticos em São Paulo, Mendes mostrou ao país aquilo que muitos já sabiam: o Supremo deixou de ser tribunal para se tornar um ator partidário de primeira linha.
O STF deveria ser a última trincheira da Constituição, guardião imparcial das leis. No entanto, com ministros em eventos de conotação claramente eleitoral, o tribunal se rebaixa à condição de sede ideológica, onde magistrados falam como se fossem líderes de legenda. A toga, que deveria simbolizar neutralidade, virou farda de militância.
No evento, Gilmar Mendes não apenas discursou — ele ordenou: nenhum pedido de impeachment contra ministros do STF será aceito, caso seja motivado por “vingança política”. Ou seja, não importa a gravidade dos atos, não importa se há abuso de autoridade, não importa se a sociedade clama por responsabilização. O recado foi simples e brutal: os ministros estão acima da lei.
O encontro aconteceu no Dia Internacional da Democracia, mas o que se viu foi um verdadeiro escárnio à democracia. Um ministro que deveria zelar pela harmonia entre os Poderes, em vez disso, discursou como militante, jogando gasolina na fogueira da polarização. O STF, que se autoproclama defensor da democracia, na prática age como usurpador de poderes, deslegitimando o Senado e desrespeitando a soberania popular.
Ao se misturar com 11 partidos políticos, Gilmar Mendes selou uma mensagem inequívoca: o STF não se vê mais como poder moderador, mas como poder absoluto. Sem freios, sem contrapesos, sem responsabilidade. É o triunfo da impunidade judicial, um golpe silencioso contra a República.
Gilmar Mendes não foi a um simples encontro de partidos. Foi a um comício institucionalizado, onde a toga se confundiu com o palanque, e onde a Justiça se ajoelhou diante da política. O Supremo, que deveria ser exemplo de sobriedade, transforma-se em caricatura de tribunal. O que resta ao povo brasileiro, diante de juízes que legislam, governam e agora fazem campanha?