De uma hora para a outra, as vidas do seu Valmor e da Sandra viraram uma loucura. De cidadãos tranquilos e apaixonados pela vida, principalmente pelo clima de Urubici, na Serra Catarinense, a adeptos ao nazismo. Calma, que história não é bem assim. Oi quase foi, graças a uma pública feita pelo Jornal Folha de São Paulo nesta semana. Valmor e Sandra Heil, que residem em Brusque, são os proprietários da casa que virou notícia nacional pela infeliz publicação feita pela escritora e articulista do jornal Giovana Madalosso.
"A Sandra recebeu pela Internet. Foi ela que pegou primeiro e ligou pra mim. Aí eu disse: isso aí não tá certo", relatou Valmor, sentado, de braços cruzados junto à mesa em um espaço na casa onde vive, no bairro Cedro Alto, em Brusque. Ali, no teto do imóvel, inclusive, também está escrita a palavra "Heil", seu sobrenome é alvo da publicação.
No outro lado da mesa, Sandra relatava que começaram a chegar mensagens de conhecidos e seguidores da rede social em que a família divulga os imóveis para locação. Todos perguntavam se era verdade o que havia sido publicado na Folha.
"(No começo) não dei muita atenção. Só que aí começaram mensagens e mais mensagens. Aí pensei, tá ficando sério. Estavam as fotos das nossas casas lá. Foi lamentável ", descreveu ela.
Seu Valmor é proprietário de cinco casas naquela região de Urubici. Comprou a primeira em 2013. Fez isso para não pagar mais aluguel toda vez que ia passear lá. Depois, o casal adquiriu um segundo imóvel, um terceiro, e mais um, até chegar aos que possui hoje. Outros familiares também fizeram o mesmo. Desde então, seu Valmor e Sandra alugam quatro delas na temporada de frio, pois Urubici costuma ser destinado de turistas que buscam as baixas temperaturas neste período do ano.
"Só na temporada de frio. No verão não dá nada", conta Valmor.
O sobrenome gravado o telhado não é exclusividade das casas em Urubici. Tanto de Brusque, no Cedro Alto, quanto em outros imóveis que possui, seu Valmor tem o hábito de escrever. Para isso, usa telhas de diferentes, técnica que aprendeu ao longo dos anos como comerciante de materiais de construção.
"Desde 2008. Tenho aqui em cima, tem no chalé, no material de construção e na casa de um sítio também. É fácil de fazer. Só mudar a cor da telha", revela ele.
Passada a surpresa desagradável com a pública e a repercussão do caso, seu Valmor estuda o que fazer quanto à publicação feita pelo jornal. A família avalia se vai ingressar com ação judicial por conta da colocação feita pela articulista.
"Até me pergunto: com tantos pontos turísticos lindos, vai tirar foto de um telhado? Tem tanta coisa linda lá. Até a prefeit entrou em contato conosco hoje, porque não fomos só nós atingidos. A cidade de Urubici também foi atingida e chamada de nazista", desabafa Sandra.
Enquanto pensa sobre o que vai fazer quanto ao caso, a família Heil faz planos sobre novos investimentos na Serra, em Urubici, lugar pelo qual seu Valmor se apaixonou há mais de 20 anos. A repercussão da publicação tem feito mais pessoas, de outras regiões do país, procurarem pelo casal.
"Até pensei em colocar uma placa grande, escrita "Casas Particulares Heil". Mas depois pensei: vou botar Heil no telhado e deu", finaliza seu Valmor entre risos.
