Segundo interlocutores do PT, Lula está sendo superado em influência por Arthur Lira, líder do bloco Centrão, e deve ajustar sua estratégia de poder de acordo, em mais um revés com menos de 6 meses de governo. A adaptação já conta com a liberação de R1,7 bilhões em pagamentos de emendas parlamentares e a nomeação de cargos políticos. A insatisfação de Lira com a atual articulação do governo também pode levar à destituição de José Guimarães (PT-CE) como líder do governo na Câmara.
Durante uma ligação nesta quarta-feira (31), Lula ouviu as queixas do presidente da Câmara. A principal era a negociação direta dos ministros do presidente com deputados, contornando os líderes de cada partido. Para combater as derrotas recentes e as ameaças do Centrão, Lula instruiu seus ministros a acelerar a nomeação de cargos de nível médio e alto no escalão do governo.
Segundo fontes próximas ao presidente, ele também está considerando uma reforma ministerial para acomodar partidos como o Republicanos e o PP, que atualmente não participam do governo, além de redistribuir os ministérios ocupados pelo União Brasil.
A Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais montaram uma operação para acelerar a nomeação de aliados parlamentares para cargos públicos. Segundo fontes do Palácio do Planalto, Lula ordenou a demissão e nomeação de quem fosse necessário para agradar aos deputados dispostos a apoiar o governo.
As decisões foram tomadas durante uma reunião emergencial entre Lula, Rui Costa (ministro da Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
Apesar de a União Brasil já controlar três ministérios (Turismo, Comunicações e Integração Nacional), deputados do partido alegam que as pastas atendem apenas ao senador Davi Alcolumbre, e não à bancada da Câmara.
Para obter a aprovação da medida provisória de reestruturação ministerial e facilitar a situação do governo na Câmara, Lira exigiu de Lula o controle de quatro ministérios. Com sinais de que o presidente está disposto a ceder, Lira e líderes do Centrão prometem aprovar a MP.