Depois da Revolução de 1964, que se esgotou na gestão do quinto general-presidente, João Batista de Oliveira Figueiredo, cujo mandato expirou em 1985, teríamos a investidura de Tancredo de Almeida Neves. Ele foi eleito em 1984 pelo Colégio Eleitoral, contra Paulo Salim Maluf. Mas, baixou hospital na véspera, 14 de março de 1985, e nunca pisou no Palácio do Planalto.
Foi substituído durante cinco anos pelo seu vice, José Sarney. A eleição para o restabelecimento do processo democrático brasileiro, no plano nacional, a primeira delas, depois da passagem dos militares pelo poder, durante 21 anos, ocorreu em 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello. Mas já em 1982 houve o restabelecimento das eleições diretas nos estados.
A última estadual tinha ocorrido em 1965, com a eleição do pessedista Ivo Silveira contra o udenista Antônio Carlos Konder Reis.
Depois, houve governadores eleitos pela Assembleia. Pela ordem: Colombo Machado Salles, Konder Reis e Jorge Konder Bornhausen. Feita essa retrospectiva histórica, vamos dar uma mergulhada na questão regional de Santa Catarina. 40 anos foram necessários para que fosse eleito um governador do Oeste.
É de domínio público que o Oeste é uma região vigorosa, com um trabalhador catarinense dedicado, com um agronegócio consolidado. Mas, eleitoralmente, apesar de ali estarem 105 dos 295 municípios catarinenses, isso não coloca a região entre as mais importantes sob o aspecto eleitoral.
Primeiro é o Vale do Itajaí; depois tem a Grande Florianópolis e, na sequência, o Norte do estado.
Em 2022, graças à onda Bolsonaro, no repeteco dela, pois a primeira foi em 2018, o catarinense elegeu Jorginho Mello, que é do Meio-Oeste. Foi o primeiro deles. Quem havia chegado muito perto foi Gelson Merisio em 2018.
Ele era presidente da Assembleia; e o seu cunhado, Antônio Gavazzoni, secretário da Fazenda de Raimundo Colombo, que terceirizou o governo para Gavazzoni. Então, Merisio teve dois poderes à sua disposição. Se organizou e tinha tudo para ganhar a eleição.
Mas acabou surpreendido pelo efeito Jair Bolsonaro. Numa eleição em que ele ganhou para a presidência da República e acabou elegendo, em SC, um governador que nunca tinha disputado uma eleição, mas que dispunha do 17 de Bolsonaro nas urnas. Foi assim que Carlos Moisés chegou lá. E Merisio ficou na estrada. Ele que é natural de Xanxerê.
Agora, olhando lá para 1982, quando Esperidião Amin foi eleito pela primeira vez, quem foi seu vice? Vitor Fontana. Empresário do Oeste. Depois, em 1986, Pedro Ivo, de Joinville, tinha quem como vice? Casildo Maldaner, do Oeste. O Oeste, portanto, sempre presente. Mas como coadjuvante.
Como Pedro Ivo não completou o mandato, veio a falecer, Casildo ficou um ano como governador.
Chegamos a 1990, ano de Vilson Pedro Kleinübing, que começou na política em Videira, no Oeste, mas veio para Florianópolis, se elegeu prefeito em Blumenau e não possuía mais aquela vinculação com a região.
Seu vice era Antônio Carlos Konder Reis, um nome estadualizado, mas que nasceu politicamente em Itajaí. Assim como a família Bornhausen.
Na sequência, tivemos Paulo Afonso Vieira, em 1994. O emedebista nasceu no Piauí, mas fez política na Capital. E teve como vice José Augusto Hulse, de Criciúma.
Em 1998, voltou Esperidião Amin, desta vez, tendo como vice Paulo Bauer, de Jaraguá do Sul. Em 2002, Luiz Henrique da Silveira, de Joinville, tendo como vice Eduardo Moreira, de Criciúma, venceu o pleito. Moreira foi substituído por Leonel Pavan, do Litoral Norte, quatro anos depois.
Com o fim da era LHS, SC elegeu Raimundo Colombo, da Serra, nos dois mandatos, com Moreira, do Sul, de vice.
Tudo isso para dizer o seguinte: que em 2026 poderemos ter, pela primeira vez na história, duas candidaturas do Oeste, protagonizando uma disputa eleitoral em Santa Catarina. Em 2022, o Oeste finalmente chegou ao governo na figura de Jorginho Mello. E pode continuar. Ou com Jorginho, ou com o prefeito Chapecó, pré-candidato ao governo do Estado, João Rodrigues, do PSD.