Faltando um ano e meio para o primeiro turno das eleições presidenciais de 2026, a direita já oferece um cardápio prévio de candidatos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda figura como maior líder desse campo, mas sua condição de inelegibilidade abre espaço para que quatro governadores aliados se apresentem como alternativas ao Palácio do Planalto.
Os presidenciáveis Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR) marcam posições em meio à evolução do cenário. Além da ausência de Bolsonaro nas urnas, eles contam com a impopularidade recorde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para viabilizarem suas candidaturas.
A participação dos quatro governadores, ao lado de Bolsonaro, no ato em São Paulo, em 6 de abril, em defesa da anistia dos réus do 8 de janeiro, simbolizou a disposição deles em seguir no páreo, buscando o apoio do ex-presidente, e, por fim, a explicitação do compromisso de aliança deles, ao menos no segundo turno, para impedir a reeleição de Lula.
Em paralelo, os governadores enfrentam a prerrogativa do PL, maior partido da oposição, de apostar no sobrenome Bolsonaro para a eleição do próximo ano, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou até um dos filhos do ex-presidente.
Além de projeções sobre o cenário para o próximo ano, a pressão por definições vem do calendário eleitoral, com a necessidade de desincompatibilização - renunciar ao cargo - dos chefes de Executivo estadual em abril de 2026 para concorrerem no pleito do mesmo ano.
Calendário eleitoral e apoio de Bolsonaro condicionam candidatura de Tarcísio
Para o consultor político Leonardo Barreto, da Think Policy, a insistência de Bolsonaro de se manter no jogo eleitoral até o último momento condiciona a estratégia da direita. “Não é por acaso que Tarcísio se mantenha candidato à reeleição, porque esse é o único cenário que ele controla. É muito elevado o risco de ele se desincompatibilizar [em abril de 2026] sem garantia de apoio de Bolsonaro”, diz.
As últimas declarações do ex-presidente indicam que ele deve insistir na sua condição de poder ter o nome nas urnas até a eventual cassação do registro de sua candidatura. Nesse sentido, lembra Barreto, Zema, Caiado e Ratinho têm vantagem de estarem no segundo mandato seguido no governo de seus estados, devendo se afastar de qualquer forma para disputar o Senado ou outro cargo. “A escolha deles é simples”.
Já no caso de Tarcísio, com pouco mais da metade do mandato, ele pode continuar no cargo até a próxima eleição, caso busque à reeleição em São Paulo. Se for disputar outro cargo, ele precisa se desincompatibilizar ou renunciar, o que torna sua decisão penosa.