Santa Catarina figura historicamente entre os estados que mais contribuem com a arrecadação federal — e, ao mesmo tempo, entre os que menos recebem em contrapartida. A disparidade entre o montante enviado à União em forma de impostos e o que retorna em investimentos e repasses tem sido apontada como um problema estrutural que penaliza unidades federativas mais produtivas.
O tema voltou ao centro do debate após o deputado estadual Matheus Cadorin (Novo) divulgar em suas redes sociais um dado que ilustra essa desigualdade. Segundo ele, para cada R$ 100 arrecadados em Santa Catarina, apenas R$ 14 retornam ao estado. “Somos um estado que trabalha, produz e gera riqueza, mas que não vê esse esforço sendo revertido em infraestrutura ou serviços por parte da União”, escreveu.
Outras fontes, como o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), vinculado ao Ministério da Fazenda, apontam números menos extremos, mas ainda desfavoráveis: cerca de R$ 30 retornariam a cada R$ 100 arrecadados. A variação nos dados decorre dos critérios adotados — enquanto alguns levantamentos consideram apenas investimentos e repasses diretos, outros incluem benefícios previdenciários, programas sociais e transferências constitucionais.
Independentemente da metodologia, o saldo continua negativo para Santa Catarina.
Cadorin lidera o movimento “Respeita Catarina”, que busca conscientizar a população e pressionar o Congresso Nacional pela aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do novo Pacto Federativo. A proposta visa reequilibrar a distribuição de recursos entre estados e a União.
Até janeiro de 2023, a PEC já havia recebido o apoio formal de 11 assembleias legislativas. Agora, o deputado trabalha para conquistar a adesão de mais três estados, número necessário para que a proposta possa começar a tramitar no Congresso.