O escândalo envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelado a poucos dias, pode indicar um esquema de fraudes em empréstimos consignados que movimentou cerca de R$ 90 bilhões.
As investigações apontam que uma parcela significativa de empréstimos foi realizada sem o consentimento dos beneficiários, principalmente aposentados e pensionistas.
Empresas e associações firmavam acordos com o INSS para oferecer serviços a aposentados e pensionistas. Essas entidades, por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs), obtinham autorização para descontar valores diretamente dos benefícios dos segurados. No entanto, muitos desses descontos eram realizados sem o conhecimento ou autorização dos beneficiários, configurando uma prática fraudulenta. Além disso, houve casos de empréstimos consignados contratados sem o consentimento dos aposentados, ampliando o prejuízo.
A Controladoria-Geral da União (CGU) estima que cerca de 4,1 milhões de beneficiários foram afetados por descontos não autorizados entre 2019 e 2024, resultando em um prejuízo de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. A Polícia Federal deflagrou a "Operação Sem Desconto" em abril de 2025, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal. Até o momento, foram recuperados cerca de R$ 1 bilhão em bens e valores.
O escândalo levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que o governo está "enfraquecido" e defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes no INSS.