A investida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o Brasil acirrou os ânimos entre o Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as militâncias dos dois. Desde o anúncio do tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros, na última quarta-feira (9/7), os dois políticos têm trocado farpas públicas e acusações de traição, num embate que transborda para o Congresso e para as redes sociais.
A temperatura aumentou ainda mais nesta sexta (11/7), com Trump dizendo que até pretende falar com Lula sobre as tarifas, “mas não agora”, e voltando a defender Bolsonaro, a quem chamou de “homem honesto”.
Durante um evento oficial no Espírito Santo, nesta sexta-feira (11/7), Lula acusou Bolsonaro de ter articulado, por meio do filho Eduardo (PL-SP), para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) com apoio de Trump. Em seu discurso, o presidente se referiu a Bolsonaro como “aquela coisa covarde que preparou um golpe nesse país, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado e mandou o filho dele para os EUA pedir para o Trump fazer ameaça”.
Lula também ironizou a atuação de Eduardo Bolsonaro, que está licenciado do mandato de deputado federal, ao afirmar que o parlamentar foi aos Estados Unidos “pedir para o Trump soltar o pai”. “Mandou um filho que era deputado se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Trump, pelo amor de Deus, solta meu pai, não deixa meu pai ser preso’”, ironizou o presidente.
Em resposta, Bolsonaro usou as redes sociais para rebater Lula. Em publicação no X (antigo Twitter), ele escreveu: “Ladrão, é você de novo comigo na sua boca?”
Em entrevista à Record TV, transmitida na quinta-feira (10/7), Lula afirmou que vê a nova tarifa como consequência direta da atuação de Eduardo Bolsonaro em território norte-americano. Para o Luiz Inácio, o deputado licenciado teria tentado usar a influência de Trump para interferir no julgamento do pai no STF, o que, segundo ele, é “inadmissível” e uma afronta à soberania brasileira.
O petista também afirmou que o governo estuda formas de responder à medida, incluindo ações junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e possíveis sanções via Lei da Reciprocidade. “Se ele vai cobrar 50% de nós, a gente vai cobrar 50% dele”, afirmou.