Ativo nas redes sociais e um dos empresários mais atuantes do país, Luciano Hang é conhecido nacionalmente como fundador e proprietário da rede de lojas Havan. Com um estilo de comunicação direta e uma presença marcante, Hang se tornou uma figura pública bastante ativa no cenário político, especialmente nos últimos anos. Ele é frequentemente associado ao apoio a pautas conservadoras e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos anos, Luciano Hang teve suas contas em redes sociais bloqueadas por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), no contexto de inquéritos que investigavam a disseminação de suposta desinformação e críticas às instituições. As medidas levantaram discussões sobre censura, abuso de autoridade e os limites da atuação do Judiciário.
Ultimamente, Hang tem se destacado por sua atuação em temas como segurança, urbanismo e empreendedorismo. Nesta entrevista exclusiva, ele comenta suas propostas para cidades mais limpas, seu embate com a justiça quanto à divulgação de furtos em lojas, os desafios do empreendedorismo no Brasil e os planos de expansão da Havan.
Entrelinhas: O senhor mantém um posicionamento firme nas redes. Já foi muito criticado, inclusive. Como lida com essas críticas, especialmente de setores mais à esquerda?
Luciano Hang: Eles dizem: “Por que não vai embora do Brasil?” Eu poderia, viu? Eu posso viver em qualquer lugar do mundo, sem trabalhar. Mas eu tenho responsabilidade com 25 mil colaboradores diretos. Em 2025, serão 200 lojas e 150 mil empregos, diretos e indiretos. Eu não vou abandonar esse pessoal.
Os críticos, que vivem defendendo bandido, deveriam procurar emprego, porque eu sigo firme aqui, investindo, trabalhando e defendendo um Brasil melhor.
E vou dizer mais: tem deputado do PSOL que já tentou fechar as portas da Havan. Tentam me destruir porque eu não me calo, porque falo a verdade. Eles estão sempre do lado do bandido, mas eu continuo trabalhando, investindo e não vou parar.
Entrelinhas: Qual a sua visão geral do Brasil hoje, especialmente do ponto de vista do empreendedor?
Luciano Hang: Ser empresário no Brasil é ser herói. É todo dia acordar, enfrentar a burocracia, o imposto, a insegurança. Mas a gente não desiste. Seguimos acreditando que é possível mudar, melhorar. Eu acabei de sair de uma festa de “construtores de sucesso”.
Estamos sempre inovando: lojas mais modernas, mais bonitas, mais encantadoras. Vamos abrir novas unidades, estamos crescendo, mesmo com todos os desafios. A palavra é resiliência.
Entrelinhas: O senhor pode detalhar os planos de expansão da Havan e os obstáculos enfrentados para abrir lojas em diferentes estados?
Luciano Hang: O plano é claro: duzentas lojas até o ano que vem. Crescer com qualidade, inovação e presença nacional. Mas não é fácil. Cada cidade tem uma legislação diferente, uma burocracia diferente. Às vezes é o alvará, outras é o zoneamento, o licenciamento ambiental. Parece que tudo é feito pra dificultar. Mas a gente insiste, porque acredita no Brasil. Porque sabe que cada nova loja é emprego, é renda, é movimento na economia local.
Entrelinhas: Apesar da situação economia atual, o senhor ainda tem esperança no Brasil?
Luciano Hang: Sempre. Se eu não tivesse, já tinha ido embora. Mas eu acredito no povo brasileiro. Acredito que a gente pode, sim, virar esse jogo. Basta coragem, atitude e responsabilidade. E, principalmente, parar de passar a mão na cabeça de vagabundo e começar a valorizar quem trabalha de verdade.
Entrelinhas: Vídeos de furtos em lojas da Havan circularam nas redes. Qual foi o objetivo dessa divulgação? E como o senhor avalia a proibição judicial desses conteúdos?
Luciano Hang: Hoje, temos em média 30 arrombamentos por mês nas nossas 182 lojas. Isso vai para o preço. Quem paga? O trabalhador honesto, que acorda cedo. Não é o “coitadinho” que dizem ser vítima da sociedade.
Mesmo assim, a gente só publica os vídeos quando é reincidência. O sujeito rouba uma vez, a gente registra. Se ele volta e tenta roubar de novo, aí a gente expõe. Porque o bandido hoje não tem medo da polícia, nem da justiça. O meu gerente às vezes sai da delegacia depois do ladrão.
Mas ele tem medo da mulher, do vizinho, da mãe. Por isso mostramos. Usamos a tecnologia para coibir o crime. Lá na Ásia, você entra num corredor e tem 200 câmeras. Aqui, temos que ter coragem para usar o que temos.
Entrelinhas: O senhor tem falado bastante nas redes sobre pichação, limpeza urbana e moradores de rua. Por que decidiu abraçar essa pauta?
Luciano Hang: Este ano, eu resolvi energizar o tema da limpeza urbana. A pichação e o abandono das cidades me incomodam demais. Viajo o mundo desde 1988, já estive em Singapura, Japão, China. Sempre voltei com a sensação de que o Brasil pode ser muito mais. Só que andamos para trás: na educação, nos valores, nos costumes e na aparência das cidades.
Curitiba, por exemplo: eu alertei o prefeito lá em 2000. Disse: “Se não fizer nada agora, essa cidade vai estar toda pichada no futuro”. E olha como está hoje: pichada. Por quê? Porque o poder público se acostuma com o feio. Mas eu não me acostumo. Tenho descendência alemã e italiana. Gosto de limpeza, de organização.
Entrelinhas: Como o senhor tem atuado nessa área?
Luciano Hang: Fazendo vídeos, mobilizando as pessoas, mostrando a realidade. E isso tem dado resultado. Os posts em que falo de pichação e sujeira batem milhões de visualizações. A população quer uma cidade limpa. Quando a gente começa a falar, as pessoas começam a enxergar: veem o lixo, veem os muros rabiscados. Prefeitos já estão mudando leis por causa disso.
Eu fui pra São Miguel do Oeste e brinquei com o prefeito: “Quantas pichações vou ver aqui?” Ele disse: “Nenhuma.” E não vi mesmo. É isso que eu quero para o Brasil.