A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo de Oliveira Tagliaferro, ex-assessor do Alexandre de Moraes, é mais um capítulo de um roteiro previamente ensaiado.
O texto acusatório, assinado pelo procurador Paulo Gonet, não deixa dúvidas: estamos diante de um jogo combinado, em que a PGR atua como cúmplice e avalista das arbitrariedades de Moraes.
Tagliaferro é acusado de violação de sigilo funcional, obstrução de investigação e até tentativa de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” — acusações genéricas e politicamente convenientes, sempre utilizadas como carta na manga para sufocar opositores.
O “crime”? Ter supostamente revelado à imprensa mensagens internas da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação (AEED), chefiada por ele próprio, que mostrariam o controle abusivo e a manipulação do processo investigativo conduzido por Moraes.
O procurador Paulo Gonet acusa o ex-assessor de agir “para atender a interesses ilícitos de organização criminosa”. Mas curiosamente silencia sobre o que realmente foi exposto: a instrumentalização da máquina estatal e a manipulação das investigações para proteger determinados grupos e perseguir adversários.
A denúncia não é um ato jurídico imparcial, mas sim uma blindagem institucional ao ministro que, hoje, concentra em suas mãos poderes sem precedentes.
Não satisfeitos em sufocar Tagliaferro no Brasil, Moraes e a PGR avançam agora internacionalmente. O ministro já pediu sua extradição da Itália, enquanto mantém bens e contas bloqueados. Trata-se de perseguição política escancarada, travestida de legalidade.
O detalhe que expõe ainda mais o desespero dessa aliança: Tagliaferro prometeu divulgar novas mensagens que comprometem não apenas Moraes e Gonet, mas também outros nomes de peso do Congresso. Isso explica a pressa e a violência institucional com que tentam calar sua voz.
Fica claro que não há preocupação real com a defesa da democracia ou da lisura das eleições. O objetivo é outro: impedir que venham à tona provas que desmascaram o sistema de manipulação judicial e político hoje instalado.
A PGR, que deveria ser o freio constitucional contra abusos, tornou-se cúmplice ativa de um ministro que age como acusador, investigador e juiz ao mesmo tempo. O caso Tagliaferro não é exceção — é a regra de um sistema corroído pela parcialidade.