Nesta terça-feira (26), teve início em Brasília a aguardada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, criada para investigar o gigantesco esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas. A primeira reunião já escancarou aquilo que muitos parlamentares e analistas vinham denunciando: a resistência sistemática do governo petista em permitir a apuração e a clara tentativa de blindar aliados e figuras próximas ao poder.
A abertura dos trabalhos só ocorreu após meses de pressão da oposição e da sociedade civil. Até o último momento, o Planalto manobrou para evitar que a investigação fosse instalada, temendo a revelação de novos escândalos que podem atingir o coração do governo. Líderes governistas, em especial os do PT, trabalharam intensamente para esvaziar requerimentos e desacreditar a necessidade da comissão.
Entre os nomes que a base governista tenta proteger está justamente o irmão de Luiz Inácio Lula da Silva, apontado em diversos pedidos de convocação para depor. Os parlamentares alinhados ao Palácio do Planalto, no entanto, já sinalizam que farão de tudo para evitar sua exposição, alegando “falta de relevância” de seu depoimento. Para a oposição, essa blindagem é uma afronta à transparência e um sintoma da velha prática petista de esconder escândalos embaixo do tapete.
A CPMI já nasceu com mais de 900 requerimentos de convocação e diligências, reflexo da dimensão do problema e da gravidade das denúncias. Na primeira sessão, cerca de 35 foram analisados, mas o número crescente indica que haverá forte disputa entre a base governista — interessada em abafar a investigação — e a oposição, empenhada em trazer à luz os responsáveis pelo assalto bilionário aos cofres públicos e às famílias mais humildes do país.
A ironia mais cruel deste escândalo é que ele recai justamente sobre aqueles que mais dependem da proteção do Estado: os aposentados e pensionistas. Fraudes em empréstimos consignados, falsificação de documentos e esquemas criminosos drenaram recursos de quem trabalhou uma vida inteira. Para muitos parlamentares, trata-se de um crime social de enormes proporções, que mostra como a máquina pública, sob influência do PT, foi incapaz — ou omissa — em proteger os mais vulneráveis.
O início da CPMI do INSS pode se tornar um divisor de águas no Congresso. De um lado, um governo petista acuado, tentando impedir que o fio da meada chegue a figuras estratégicas. De outro, uma oposição disposta a expor os tentáculos do esquema, mesmo diante da resistência da base governista.
Se a investigação avançar de forma independente, o risco para o Planalto é enorme. A cada tentativa de blindagem, cresce a percepção pública de que o PT teme mais a verdade do que o crime em si.