O pronunciamento feito por Luiz Inácio Lula da Silva na noite deste 6 de setembro, véspera da Independência do Brasil, escancarou mais uma vez o uso de uma data cívica em benefício de seu projeto político. Em vez de unir o país em torno de símbolos nacionais, Lula preferiu transformar a celebração em um palanque para críticas à oposição, ataques aos Estados Unidos e propaganda de programas sociais.
Em rede nacional de rádio e TV, o presidente centrou seu discurso na chamada “defesa da soberania nacional”. O termo, repetido à exaustão, foi utilizado como escudo retórico para encobrir problemas internos do governo. Ao acusar opositores de “traidores da pátria”, Lula resgatou um tom de confronto que divide ainda mais a sociedade brasileira em pleno 7 de Setembro.
Entre os anúncios, destacou-se a promessa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A medida, porém, foi vista por especialistas como impraticável sem que haja compensações claras no orçamento. O próprio governo, até aqui, não apresentou estudos consistentes sobre o impacto da proposta nas contas públicas. Soa mais como manobra populista do que como política fiscal responsável.
Ao enfatizar programas como o Pé-de-Meia e citar avanços do Pix, Lula tenta criar uma cortina de fumaça para esconder indicadores econômicos preocupantes: desemprego em alta em várias regiões, queda de confiança do empresariado e crescimento pífio. Enquanto isso, evita mencionar problemas de segurança, escândalos em ministérios e a paralisia em reformas estruturais.
Outro ponto polêmico foi a insistência em culpar os Estados Unidos pelo “tarifaço” aplicado a produtos brasileiros. Ao invés de buscar soluções diplomáticas efetivas, Lula preferiu reforçar o discurso de antagonismo externo, transformando o Brasil em vítima eterna e mantendo viva a retórica de embate contra potências estrangeiras.
A data que deveria simbolizar independência e união nacional foi novamente sequestrada por um governo que aposta no conflito como ferramenta de sobrevivência política. Ao utilizar o horário nobre da televisão para transformar o 7 de Setembro em ato de campanha, Lula reforça a imagem de um líder mais preocupado em manter narrativas do que em oferecer soluções reais aos brasileiros.