A Quaest, instituto historicamente identificado por suavizar cenários para o Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgou nesta quarta-feira (17) nova pesquisa de opinião. Segundo o levantamento, a desaprovação ao governo permanece em 51% e a aprovação em 46%, repetindo exatamente os índices de agosto.
Contudo, pela lógica, é impossível que esses números sejam idênticos aos do mês anterior.
O Brasil tem assistido a crescentes e expressivas manifestações de oposição nas ruas e ao impacto direto do julgamento e condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão — eventos que inevitavelmente alteram o humor político e social do país. Se até a Quaest insiste em “estabilidade”, isso significa que a rejeição real é muito maior do que os percentuais divulgados.
Aprovação: 46% (mesmo índice de agosto)
Desaprovação: 51% (mesmo índice de agosto)
Não sabem/não responderam: 3%
Em maio, a diferença era de 17 pontos (57% de rejeição contra 40% de aprovação). Desde então, a própria Quaest reconhece que a recuperação de popularidade de Lula foi interrompida em setembro.
Regiões: Lula só se sustenta no Nordeste (60% de aprovação). No Sul (60%) e no Sudeste (55%) a rejeição dispara.
Gênero: Entre homens, 54% rejeitam o governo. Entre mulheres há empate técnico.
Idade: Jovens de 16 a 34 anos rejeitam majoritariamente (53%).
Escolaridade: Entre quem tem ensino superior, 56% rejeitam o governo.
Religião: Evangélicos são amplamente contrários (61% rejeição). Entre católicos há divisão.
Bolsa Família: beneficiários ainda sustentam Lula (64% aprovam), mas entre não beneficiários a rejeição sobe a 55%.
Eleições 2022: entre eleitores de Lula, 79% mantêm apoio. Já 92% dos que votaram em Bolsonaro rejeitam o governo.
Positiva: 31%
Negativa: 38%
Regular: 28%
Não sabem/não responderam: 3%
A pesquisa também perguntou sobre a pena imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Para APENAS 49% dos brasileiros, a condenação foi exagerada.
Se até a Quaest — sempre mais indulgente com Lula — traz dados de empate técnico e rejeição majoritária, isso demonstra que a verdadeira insatisfação popular é ainda maior.
A repetição artificial dos números de agosto ignora a realidade: o Brasil vive protestos crescentes contra o governo e a condenação política mais polêmica da história recente, fatores que tornam insustentável qualquer cenário de “estabilidade”.