Moraes não passa de um acusador disfarçado de juiz

Por Alexandre Garcia

    04/09/2025 09h46 - Atualizado há 13 horas

    Não sei se vocês estão acompanhando o julgamento no Supremo. Eu não estou; como já sei o resultado – aliás, todos sabem –, não vou ficar vendo o teatrinho e perder tempo, porque tenho muita coisa importante para fazer durante o dia. Mas nota-se que Alexandre de Moraes não é um juiz. Um juiz é imparcial, não odeia ninguém, não tem raiva de ninguém, não quer vingança. Um juiz não é vítima; ele está acima disso, e por isso se diz que a Justiça é cega. A Justiça é movida pelo Ministério Público, por exemplo; não toma iniciativa de nada. E ela pesa os dois lados. Mas Moraes é promotor público de carreira, e não consegue abandonar essa natureza. Ele é acusador, tão acusador quanto Paulo Gonet, que é o procurador-geral da República. O relatório de Moraes não passa de um libelo de acusação, não é uma apresentação de um caso para o voto dos demais.

    Quando fizerem uma reforma da Constituição, precisam parar de mandar procurador, promotor e advogado para o Supremo. Que o STF seja o ponto máximo da carreira de juiz de Direito; ele começa na primeira instância, depois se torna desembargador, vai para um tribunal superior. O Superior Tribunal de Justiça tem 33 ministros; basta pegar um terço, o melhor terço, e mandar para o Supremo, que tem 11 membros, e aí está resolvido. A natureza do juiz é ficar distante do caso. Não pode odiar ou amar o réu, não pode ter nenhum vínculo. Aliás, o juiz não pode ter vínculo com mulher, filho, sobrinho, neto, bisneto, que trabalhe em escritório de advocacia que tenha casos no próprio tribunal. Mas isso está acontecendo aqui no Brasil, para vergonha nossa e daqueles que ainda acreditam na ética e na moral. É tudo feito na nossa cara, e vamos aceitando, vamos nos familiarizando com isso, e achando que é normal. Não é: isso é anormal, é uma aberração, é imoral.

    Ministros aprontam, mas não querem que a população cobre deles por seus atos

    A consequência disso tudo é que os ministros do STF não podem sair à rua, porque eles são xingados pelas pessoas. Mas eles são servidores do público, são pessoas públicas, e uma pessoa pública tem de se expor a isso. O próprio Moraes já disse uma vez: “Se não quiser ser xingado, ironizado, gozado, não entre na vida pública, fique em casa e tenha atividades privadas”. Quem se torna servidor público, como é um ministro do Supremo, é sustentado, mora de graça, recebe o mais alto salário do Estado brasileiro, bancado pelos impostos das pessoas. Então, tem de ouvir, como aconteceu com o ministro Flávio Dino, que pegou um voo comercial de São Luís para Brasília na segunda-feira e foi xingado no avião. Essa é a consequência.

    Denúncias de Eduardo Tagliaferro são escandalosas, mas ainda há jornais escondendo tudo

    O Estadão noticiou as denúncias de Eduardo Tagliaferro, mas eu vi que muitos jornais brasileiros simplesmente se omitiram. Vocês acham que um jornal que esconde informações merece ser lido por vocês? Merece que vocês paguem a assinatura? Não merece. E o que Tagliaferro conta sobre essa Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação dentro do Tribunal Superior Eleitoral é escandaloso, as ligações com o Supremo através do ministro Moraes. A comissão do Senado que recebeu esse depoimento está oficiando ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, pedindo providências. O que o Supremo vai fazer diante disso? Ali há vários indícios gravíssimos de fraude processual: invenções, até mesmo inversões de datas – primeiro faz-se a busca e depois, se ela rendeu alguma coisa, com base no que rendeu, faz-se uma falsa autorização de busca com data anterior. Querem pegar Fulano, então vão procurar um motivo. Na União Soviética, isso era costumeiro. Nós não podemos permitir que o Brasil vire uma União Soviética, uma Venezuela, uma Cuba, uma Nicarágua, uma China, uma Coreia do Norte.


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